terça-feira, 7 de abril de 2020

JOÃO PINTO AGREDIU O ÁRBITRO NO MUNDIAL 2002?!

Os mais jovens já não se lembram, mas o mundial da Coreia/Japão em 2002 foi devastador para a nossa selecção a todos os níveis. Há muitas 'estórias' que ainda iremos abordar neste espaço, mas esta em baixo fez correr muita tinta. 

Agrediu ou não João Pinto o árbitro da partida? 

Na minha opinião, sim!...não é aquele soco bem dado como costumamos dizer, mas o João foi de mão fechada para Ángel Sánchez e deu-lhe um chega para lá de mão fechada. 

Em baixo, um post do blogue do amigo António Boronha, vice-presidente da FPF na altura desse mundial. Saudades deste blogue...! 



[gostei de ouvir joão pinto dizer, com frontalidade, o que pensa sobre a chamada de 'nacionalizados' às selecções nacionais e, completamente a despropósito, veio-me à memória a cena que o envolveu a ele, e noutro plano a mim, naquela que foi talvez a última 'participação' dos dois em terrenos da equipa de todos nós.]
falo da agressão ao árbitro sul-americano ángel sánchez.

como se lembram disputávamos contra a equipa da casa, a 'coreia do sul', a nossa passagem aos oitavos do 'mundial' de 2002 (muito antes do fim ficámos a saber que, com um empate, passaríamos os dois em virtude da derrota pesada que os estados unidos sofriam frente à polónia)
aos 27 minutos da primeira parte o joão pinto é expulso por entrada violenta sobre um jogador coreano. na 'discussão' que se seguiu, do banco, assistimos com alguma surpresa ao conforto que jorge costa e fernando couto procuravam prestar...ao árbitro!, não ao companheiro expulso, o que teria sido mais natural.

a explicação veio ao intervalo quando o fernando (couto) nos alertou para que nos puséssemos em campo pois o argentino tinha dito alto e em bom som que em virtude da agressão de que tinha sido vítima, da parte de joão pinto, este nunca mais voltaria a jogar à bola pois seria irremediavelmente irradiado.

perante a gravidade da situação, logo que o jogo terminou, tentámos persuadir o árbitro a ser mais benevolente com a argumentação aplicável à ocasião: os nervos, a importância do jogo, a irreflexão do gesto, etc. foram três cargas utilizadas para o efeito. primeiro, o peso institucional de luís figo...que foi liminarmente expulso da cabine; depois madail e, por fim, eusébio.

nada resultou pois o homem mostrou-se irredutível (veio posteriormente, como contou o próprio joão pinto, a mudar de atitude).
nessa madrugada, já de posse do vídeo oficial, fechámo-nos no gabinete que tínhamos no hotel para analisar a situação e decidir sobre qual seria a estratégia de defesa a seguir pelo nosso departamento jurídico junto da 'fifa'.

desde logo ficou estabelecido negar a agressão! seria palavra contra palavra.

desde que...
as imagens oficiais não revelassem nada daquilo que o juiz da partida afirmava, a pés juntos, ter sucedido.
garanto-lhes que eu, madail, o carlos godinho e julgo que o assessor de imprensa vimos a cena uma boa meia dúzia de vezes, de trás para a frente e da frente para trás, em 'slow' e em 'rápido', de 'toda a maneira e feitio.
nada!

até que, de repente, o presidente da 'federação' exclamou:

'parem o filme!!!...aí! não olhem para o joão mas para a cara do árbitro!'
foi então que se tornou claro que a expressão facial do homem do apito só poderia resultar de um soco que tinha levado ao nível do estômago.

nessa altura telefonaram-me a pedir para ir à recepção pois tinha visitas às 3 da manhã.
eram miguel ribeiro teles - o jp estava no 'sporting' - acompanhado por joaquim oliveira, mais alguém que não recordo o nome ligado ao clube de alvalade e ao 'bes'.

iam saber se tinha havido agressão ou não e, em face disso, tentar articular a defesa do jogador por parte do departamento jurídico verde-e-branco com o nosso.
obtida a autorização de gilberto madail convidei-os a subir para que vissem com os próprios olhos o que pensávamos, todos, teria acontecido.
a situação ficou, a partir daí, clara para os presentes.

embora não para toda a gente.
o principal interveniente, hoje comentador na televisão e em jornais, continuou, creio, a negar o soco.
mais, penso, para tentar manter a coerência sobre como tem sempre dito ter vivido os factos.
e,...valentim loureiro! o único dirigente, de que me recordo, que continuou a bradar aos quatro ventos que o que se tinha passado em 'incheon' não passava de uma encenação mal conseguida, de um árbitro incompetente.

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