quinta-feira, 18 de julho de 2019

Quanto vale um guarda-redes?





A indefinição sobre os donos da baliza dos três grandes (sim, Renan Ribeiro também justifica a palavra indefinição, caso o Sporting queira bater-se pelo título) suscita uma interessante reflexão: por que são tão caros os jogadores que prometem golos e tão mais baratos os que garantem evitá-los? Até os defesas-centrais da moda estão valorizados muito acima dos melhores guarda-redes do Mundo. É estranho. 
O Benfica dá, sem pestanejar, 20 milhões por um avançado com pinta, mas que ainda mostrou muito pouco. Porém, para contratar um bom guardião, discute ao cêntimo a posse de metade do passe. Idem se passa no FC Porto. No Sporting, o dono da baliza não é tema, mas deveria ser. Contabilizado todo um campeonato, um bom guarda-redes evita objetivamente mais golos do que aqueles que o melhor ponta-de-lança marca. 
Em qualquer clube grande, o dono da baliza tende para ser a peça maldita. Os adeptos recordam muito mais os poucos frangos que lhes doem do que as defesas impossíveis que os aliviam. Ao contrário, aos avançados, só recriminamos golos falhados de baliza aberta em jogos decisivos. Até já na intensidade dos penalties estamos a passar o ónus da falha para os pobres deserdados da sorte que colocam ambos os pés na linha de baliza. Concluindo este tema: é uma visão de gestão oblíqua esta que dita o valor dos guarda-redes. Quem defende a baliza deve ter valor idêntico aos que se colocam na área com a missão de marcar golos. E nem sequer a lei da oferta e da procura vale para os que ditam estas regras ao mercado. Há menos guarda-redes sobredotados do que profícuos pontas-de-lança. No domínio da avaliação da relevância dos guarda-redes, parece que quem dita os valores de mercado não percebe nada de futebol.
Cândida Vilar é uma Procuradora da República com vasta experiência e conhecimento. Tem sido insultada por advogados impreparados para a dignidade da função. Como se agora o tribunal fosse uma extensão das cabeceiras dos estádios onde se propaga a violência das claques. A justiça terá medo das hordas ululantes? No ataque a Alcochete, não. Nos restantes casos, vá lá saber-se. Já há muito tempo, decidiu a Procuradoria-Geral da República criar uma equipa especial para investigar os crimes no futebol. Há demasiado tempo, nada se sabe das investigações promovidas por esta ‘equipa especial’. Mantenhamos a esperança de que o trabalho desconhecido destes procuradores e inspetores possa melhorar o ambiente que rodeia o futebol. Como a coragem e saber de Cândida Vilar conseguiram num caso concreto. daqui.

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