«BENFICA-SPORTING. Fogo que arde à vista de todos… na cidade. Mais um derby, o primeiro em nove anos sem a carismática presença de Jorge Jesus.
Benfica, no ano 4 da era Vitória, surge mais entrosado e calejado: parte claramente favorito (…) Sporting com treinador novo e direcção interina ainda está a recompor-se do Brunamoto sofrido em maio (…)
A baixa de Bas Dost pesa (…) Bom era que antes, durante e depois do duelo prevalecesse o civismo que tão arredio tem andado na relacionamento entre os velhos rivais. Que se apresentam iguaizinhos em pontos (6), em golos marcados (5) e sofridos (2)… e em promessas de amanhãs que cantam.
Do lado do Benfica, o calmeirão Gedson Fernandes (19 anos) chegou-se à frente e tem feito sensação. Rui Vitória deu-lhe uma oportunidade e ele agarrou-a com gana. Tem impressionado pela dimensão física do seu jogo, pelo desplante e pelos «slalons» que lembram os de Renato Sanches há dois anos. Não sei se Gedson será um segundo menino de ouro e cumprirá trajectória tão fulgurante como a de Renato.
Mas vejo que traz a nação benfiquista pelo beiço (aos adeptos seguem sempre com carinho especial os produtos da casa) e parece ter qualidade para voar alto e cumprir a histórica sintonia do Benfica com a boa e velha magia africana – lembre-se que Gedson veio de São Tomé, um dos sitios mais belos e luxuriantes do Mundo Lusófono.
Jovane Cabral (20 anos) também chegou de uma ilha atlântica Lusófona – Santiago, Cabo Verde – e teve participação decisiva nas duas vitórias do Sporting – assim que entrou virou o jogo do avesso. Felino, potente e explosivo, Jovane tem dado nas vistas pela velocidade, pelo descaramento e pela verticalidade, na melhor tradição dos «agitadores» formados em Alcochete. Perdidos [à má fila] Gelson Martins, Rafael Leão e Podence, os sportinguistas começam a ver em Jovane o enésimo continuador da mais famosa dinastia mundial de extremos e interiores – a que produziu, entre outros, Futre, Dani, Figo, Porfírio, Boa Morte, Simão, Hugo Viana, Quaresma, Ronaldo, Nani, João Mário, Bruma, Carlos Mané, Iuri Medeiros, Gelson e Rafael Leão.
Deixemos os meninos à volta da fogueira. Falemos agora dos graúdos.
Depois de Luís Filipe Vieira ter dito umas baboseiras sobre a necessidade de «pacificação» do futebol português, a comunicação do Benfica desatou a disparar sobre o FC Porto numa inversão da estratégia da época passada. Mesmo aceitando que a hipocrisia no futebol não conhece limites, julgo que esta última publicação benfiquista (no Twitter) relativamente ao FCP - «Prendam-nos. Enquanto não os prenderem isto vai continuar a palhaçada de sempre» - é uma tirada demasiado arriscada para quem se habituou a ter a PJ em casa e está envolvido em vários processos judiciais constrangedores.
O Benfica de Vieira & Gonçalves tem telhados de vidro demasiado fininhos para se poder dar a estes desplantes. Mas pronto. O Sporting fica a saber que, consoante as incidências do derby, pode ser o próximo destinatário da hiperactiva propaganda encarnada; Sporting que, por outro lado, não consegue livrar-se do homem (Bruno de Carvalho) que passou os últimos tempos a disparar contra o Mundo e a safar Vieira de aparecer nas primeiras páginas.
Mesmo depois de ter sido implacavelmente expulso da presidência do SCP por larga maioria de sócios, Bruno diz que ainda é o boss e continua a tentar desestabilizar a equipa de futebol com iniciativas difíceis de avaliar por quem não seja versado em psiquiatria. Todos estes disparates seriam hilariantes se não revelassem o estado patológico das lideranças. Pela amostra dos últimos dias, esta época não será diferente da última - que foi miserável. Benfica e FC Porto continuarão a agredir-se sem descanso e o ruido será cada vez mais insuportável. A ver se o próximo presidente do Sporting escolhe outro caminho».
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