O regresso de José Mourinho à actividade e o sucesso que está a bater à porta de Jorge Jesus colocam dois treinadores portugueses no centro das atenções.
São dois treinadores que aprecio. São dois Mestres, cada qual com as suas particularidades.
Sei que é relativo, mas para mim o futebol deixou de ser o mesmo quando José Mourinho perdeu o palco. Ele confessou várias vezes o seu sofrimento por não estar a viver o dia-a-dia do futebol como qualquer treinador gosta de fazer, isto é, dividido entre os relvados, os gabinetes e os bancos/área técnica, teve convites para regressar à actividade, mas resistiu sempre à força do dinheiro. Mourinho não precisa de dinheiro; precisa(va) de um projecto a devolver-lhe a paixão pelo futebol, e que fosse compatível com o seu desejo de demonstrar que é… ‘special’, único.
José Mourinho e Jorge Jesus são abissalmente diferentes, embora, nalguns pontos, muito iguais.
Desde logo, a diferença maior é académica e isso reflecte-se muito na área da comunicação. Mourinho é um ‘homem do Mundo’, fala várias línguas, e essa é uma vantagem que Jorge Jesus não tem mas que compensa — mesmo nesta área da comunicação — com outras valências. Se Mourinho é um treinador que utiliza a arte da comunicação para estar mais perto dos seus objectivos, Jorge Jesus também o faz. De maneiras diferentes, mas quase sempre com o mesmo grau de eficácia. Mourinho é mais elaborado, irónico, intelectualmente brutal quando acha ser necessário; Jesus tem aquele seu típico jeito de mastigar e tropeçar nas palavras, mas mesmo essa característica tem valor (mesmo que glosado) entre os receptores.
São os dois agradáveis e tratáveis fora de campo, mas chegam a ser intratáveis no seu ambiente de trabalho, quando algo escapa ao controlo e liderança. Hoje em dia, mais do que antigamente, face à evolução da vida e das próprias vicissitudes que marcam o chamado futebol dos milhões, os treinadores têm de saber APERTAR-E-AMAR ao mesmo tempo os jogadores, como se fosse um exercício de ‘ginástica cueca’, à Vasco Santana, algo muito difícil e que só os melhores conseguem. E isso só se torna possível quando os jogadores acreditam nas ideias e no saber traduzido, diariamente, pelos treinadores.
Jorge Jesus evoluiu muito nesse sentido e não é por acaso que cresceram exponencialmente, nos últimos anos, os elogios feitos por atletas com quem trabalha ou já trabalhou; talvez Mourinho tenha algo ainda a fazer nesse campo, e esta passagem pelo Tottenham talvez nos revele um Mourinho menos implacável, ainda que muito senhor das suas ideias.
Estes são treinadores que ou se amam ou se odeiam, porque têm uma qualidade que aprecio nos seres humanos: assumem as suas diferenças e não são ‘híbridos’ como vemos, em profusão, por aí aos pontapés.
Mourinho teve um ano para reflectir e tenho a certeza que o fez. Mourinho não precisa de demonstrar nada a ninguém, porque a sua carreira e os resultados alcançados dizem quase tudo, mas na vida e nas profissões há sempre algo a mudar e a corrigir e não me admiraria nada que, apesar do seu trajecto vencedor —, não obstante as críticas recentes de que estaria ‘acabado’ —, Mourinho regresse agora melhor treinador, se isso é de facto possível, a avaliar por tudo aquilo que já conquistou.
Deixo desde já expressa a minha convicção: apesar do atraso actual dos ‘Spurs’, Mourinho vai aproximar o Tottenham dos lugares cimeiros e vai ser, de novo, um dos protagonistas da Premier League. O futebol sem ‘Mou’ não é a mesma coisa. Ele prepara tão bem os jogos como as conferências de imprensa, não deixa nada ao acaso.
Jorge Jesus está noutro patamar, porque saiu muito tarde de Portugal, por causa da língua. No entanto, como treinador, é dos melhores e aquilo que está a conseguir no Flamengo prova a sua apetência para transformar. Há um futebol com a marca Jesus — e se ele vencer hoje a Libertadores, na final com o River Plate, viverá porventura o dia mais inesquecível da sua vida. O sempre muito discutido endeusamento de Jorge Jesus em Portugal não vai saber a nada, se Jorge Jesus vencer a Libertadores e logo a seguir vencer o Brasileirão. Será a consagração do Deus-Jesus, mas o River Plate — é bom não esquecê-lo — tem uma palavra a dizer…
Em Portugal, muitos treinadores portugueses deixaram a sua marca, como José Maria Pedroto, Fernando Vaz, Artur Jorge, entre outros, mas Mourinho é mesmo especial (com um palmarés distintivo) e Jorge Jesus singularíssimo.
Cedo se percebeu que Portugal era demasiado pequeno para a ambição e o valor de José Mourinho e isso só não se percebeu mais cedo em Jorge Jesus por uma questão de maneira de estar. Mas também é certo que Jorge Jesus foi ficando em Portugal (sabendo-se pagar) porque há trinta anos, ou mesmo vinte, esqueceu-se de ir aprender inglês. Sucesso em Portugal, sucesso no Brasil, sucesso no futebol-irmão. Não é por acaso. Of course.
JARDIM DAS ESTRELAS **(2 estrelas)
Só panegíricos?
1. Bruno Fernandes no Tottenham, nesta reabertura da janela de transferências? Não me parece…
2. Mourinho estreia-se hoje (12H30), como treinador do Tottenham. A não perder.
3. Jorge Jesus tão perto da glória. Ele fez os portugueses aproximarem-se do futebol brasileiro e sul-americano. Esta final com o River Plate representa um dos dias mais importantes da sua vida.
4. Fábio Silva já tem uma cláusula de rescisão extraordinária: 125M€. Agora, só falta o resto. Trocos.
Sei que é relativo, mas para mim o futebol deixou de ser o mesmo quando José Mourinho perdeu o palco. Ele confessou várias vezes o seu sofrimento por não estar a viver o dia-a-dia do futebol como qualquer treinador gosta de fazer, isto é, dividido entre os relvados, os gabinetes e os bancos/área técnica, teve convites para regressar à actividade, mas resistiu sempre à força do dinheiro. Mourinho não precisa de dinheiro; precisa(va) de um projecto a devolver-lhe a paixão pelo futebol, e que fosse compatível com o seu desejo de demonstrar que é… ‘special’, único.
José Mourinho e Jorge Jesus são abissalmente diferentes, embora, nalguns pontos, muito iguais.
Desde logo, a diferença maior é académica e isso reflecte-se muito na área da comunicação. Mourinho é um ‘homem do Mundo’, fala várias línguas, e essa é uma vantagem que Jorge Jesus não tem mas que compensa — mesmo nesta área da comunicação — com outras valências. Se Mourinho é um treinador que utiliza a arte da comunicação para estar mais perto dos seus objectivos, Jorge Jesus também o faz. De maneiras diferentes, mas quase sempre com o mesmo grau de eficácia. Mourinho é mais elaborado, irónico, intelectualmente brutal quando acha ser necessário; Jesus tem aquele seu típico jeito de mastigar e tropeçar nas palavras, mas mesmo essa característica tem valor (mesmo que glosado) entre os receptores.
São os dois agradáveis e tratáveis fora de campo, mas chegam a ser intratáveis no seu ambiente de trabalho, quando algo escapa ao controlo e liderança. Hoje em dia, mais do que antigamente, face à evolução da vida e das próprias vicissitudes que marcam o chamado futebol dos milhões, os treinadores têm de saber APERTAR-E-AMAR ao mesmo tempo os jogadores, como se fosse um exercício de ‘ginástica cueca’, à Vasco Santana, algo muito difícil e que só os melhores conseguem. E isso só se torna possível quando os jogadores acreditam nas ideias e no saber traduzido, diariamente, pelos treinadores.
Jorge Jesus evoluiu muito nesse sentido e não é por acaso que cresceram exponencialmente, nos últimos anos, os elogios feitos por atletas com quem trabalha ou já trabalhou; talvez Mourinho tenha algo ainda a fazer nesse campo, e esta passagem pelo Tottenham talvez nos revele um Mourinho menos implacável, ainda que muito senhor das suas ideias.
Estes são treinadores que ou se amam ou se odeiam, porque têm uma qualidade que aprecio nos seres humanos: assumem as suas diferenças e não são ‘híbridos’ como vemos, em profusão, por aí aos pontapés.
Mourinho teve um ano para reflectir e tenho a certeza que o fez. Mourinho não precisa de demonstrar nada a ninguém, porque a sua carreira e os resultados alcançados dizem quase tudo, mas na vida e nas profissões há sempre algo a mudar e a corrigir e não me admiraria nada que, apesar do seu trajecto vencedor —, não obstante as críticas recentes de que estaria ‘acabado’ —, Mourinho regresse agora melhor treinador, se isso é de facto possível, a avaliar por tudo aquilo que já conquistou.
Deixo desde já expressa a minha convicção: apesar do atraso actual dos ‘Spurs’, Mourinho vai aproximar o Tottenham dos lugares cimeiros e vai ser, de novo, um dos protagonistas da Premier League. O futebol sem ‘Mou’ não é a mesma coisa. Ele prepara tão bem os jogos como as conferências de imprensa, não deixa nada ao acaso.
Jorge Jesus está noutro patamar, porque saiu muito tarde de Portugal, por causa da língua. No entanto, como treinador, é dos melhores e aquilo que está a conseguir no Flamengo prova a sua apetência para transformar. Há um futebol com a marca Jesus — e se ele vencer hoje a Libertadores, na final com o River Plate, viverá porventura o dia mais inesquecível da sua vida. O sempre muito discutido endeusamento de Jorge Jesus em Portugal não vai saber a nada, se Jorge Jesus vencer a Libertadores e logo a seguir vencer o Brasileirão. Será a consagração do Deus-Jesus, mas o River Plate — é bom não esquecê-lo — tem uma palavra a dizer…
Em Portugal, muitos treinadores portugueses deixaram a sua marca, como José Maria Pedroto, Fernando Vaz, Artur Jorge, entre outros, mas Mourinho é mesmo especial (com um palmarés distintivo) e Jorge Jesus singularíssimo.
Cedo se percebeu que Portugal era demasiado pequeno para a ambição e o valor de José Mourinho e isso só não se percebeu mais cedo em Jorge Jesus por uma questão de maneira de estar. Mas também é certo que Jorge Jesus foi ficando em Portugal (sabendo-se pagar) porque há trinta anos, ou mesmo vinte, esqueceu-se de ir aprender inglês. Sucesso em Portugal, sucesso no Brasil, sucesso no futebol-irmão. Não é por acaso. Of course.
JARDIM DAS ESTRELAS **(2 estrelas)
Só panegíricos?
1. Bruno Fernandes no Tottenham, nesta reabertura da janela de transferências? Não me parece…
2. Mourinho estreia-se hoje (12H30), como treinador do Tottenham. A não perder.
3. Jorge Jesus tão perto da glória. Ele fez os portugueses aproximarem-se do futebol brasileiro e sul-americano. Esta final com o River Plate representa um dos dias mais importantes da sua vida.
4. Fábio Silva já tem uma cláusula de rescisão extraordinária: 125M€. Agora, só falta o resto. Trocos.
5. Pinto da Costa está enormemente enganado em relação à ponderação que faz entre o tempo extra de amores e ódios.
A mania da perseguição e a intolerância à crítica (um clássico no futebol) prejudicam o FCP.
O estado actual do clube, convenhamos, não admite (apenas) panegíricos.
O CACTO
Samaris fora?
Não se percebe
Record noticia que o Benfica procura colocação para 6 ‘excedentários’ do plantel. Faz sentido a estratégia da SAD benfiquista? Vejamos:
1. EBUEHI. Sim, faz sentido. Poucas oportunidades e muitas lesões. Nunca se afirmou.
2. CONTI. Sim, faz sentido. Nunca revelou qualidade ou potencial ao nível de Rúben Dias, Ferro ou mesmo Jardel.
3. FEJSA. Faz algum sentido, mas… O jogador sérvio chegou a ser a ‘válvula’ mais importante do sistema da equipa… É uma das principais vítimas da afirmação dos jogadores do Seixal (Florentino, no caso em apreço). Uma vítima de projecto.
4. ZIVKOVIC. Não, não faz sentido. Grande potencial. Capacidade desaproveitada. Um caso complexo que tem mais a ver com representantes e intermediações, e não com valor desportivo.
5. CAIO LUCAS. Faz algum sentido, porque só agora se percebeu que não vale mais do que Cervi… Flop de contratação.
6. SAMARIS. Não, não faz sentido. Zero. Ninguém percebe.
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