sábado, 2 de novembro de 2019

O ‘monstro’ que habita em Sérgio Conceição



 1. Em linguagem de redes sociais, dir-se-à que Sérgio Conceição passou-se.
2. Não é a primeira vez que Sérgio Conceição se passa.

3. Diz-se que é feitio e, normalmente, nestes momentos, para não se dizer tudo o que vai na(s) alma(s), leva-se o assunto para a genuinidade e para a frontalidade.

4. Ninguém tem dúvidas sobre a o empenho e a determinação de Sérgio Conceição e tudo o que ele é capaz de transportar para dentro do campo para ganhar.

5. Sérgio Conceição é parecido, aliás, a muitos indivíduos que não gostam de perder.

6. Há quem não goste de perder e há quem, não gostando de perder, não saiba perder.

7. Não saber perder — ao contrário do que às vezes se quer fazer crer — não é virtude, nem na vida nem no futebol. É defeito.

8. Saber ganhar e saber perder também não é coisa para totós, como às vezes igualmente também se quer fazer crer.

9. Há também quem leve estes comportamentos para a inserção no ambiente "potencialmente mafioso" do futebol e que, por via disso, não pode haver contemplações, numa espécie de consagração do ‘vale tudo’.

10. O caminho a percorrer é, pois, inverso: desmantelar tudo o que contribua para as entorses da Verdade Desportiva.

11. Não se pode clamar por justiça ou por justeza na construção das vitórias se não houver capacidade ou vontade para reconhecer os próprios erros.

12. A mobilização das ‘frentes’ que têm alguma coisa a ganhar com a consagração do império do ‘mau perder’ é um sinal de fraqueza.

13. Sérgio Conceição é um treinador muito agradável e com um apurado sentido de humor quando as coisas lhe correm bem. Quando as coisas não lhe correm de feição, acorda  o ‘monstro’ que reside nas suas entranhas.

14. O ‘monstro’ que habita dentro de Sérgio Conceição e, afinal, em muitos de nós, não causa dano apenas à imagem de Sérgio Conceição, enquanto indivíduo (em sociedade) e treinador.

15. Causa dano à instituição Futebol Clube do Porto.

16. Por mais justificações que se queiram arranjar através da identificação e da natureza de outros ‘monstros’, habitantes de outras paragens, que há para aí aos pontapés, os maus exemplos alheios não devem servir para mitigar determinado tipo de comportamentos.

17. A culpa não pode estar sempre na casa do vizinho ou do rival. Ou no relvado ou na ‘casa’ da arbitragem.

18. Esse passa-culpas e essa desresponsabilização estão muito enraizados no futebol em Portugal.

19. Porque há uma cultura de desrespeito e de falta de ética (desportiva) fortemente enraizadas no futebol português.

20. O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, é tudo menos ingénuo na avaliação, na identificação e no tipo de resposta que é preciso dar quando há uma ruptura nas tubagens do chamado ‘futebol marginal’, mas não acredito que se reveja nos excessos reiterados de Sérgio Conceição. Não é por acaso que se tornou no ‘mestre da ironia’.

21. Pinto da Costa chegou a um ponto da sua presidência em que, pelo trabalho efectuado, espera que as situações do FC Porto se resolvam em ‘piloto automático’ ou pelas valências apresentadas pela ‘estrutura’ e/ou treinador.

22. O problema — já se viu pelo silêncio noutras situações comprometedoras, como na relação com as claques — é que a ‘estrutura’, aninhada no conforto das suas mordomias, é um corpo sem alma ou uma alma sem corpo. Definha na sua incapacidade de se afirmar.

23. Sérgio Conceição é líder e dá o peito às balas, porque já ninguém lidera no FC Porto.

24. Uma liderança forte não pode pactuar com a consagração do calão.

25. Uma coisa é perceber-se que Sérgio Conceição não quer calões no plantel, e faz muito bem em puxar pelo profissionalismo dos jogadores nas suas múltiplas variações exibicionais.

26. Outra coisa é cair num espectro de vulgaridade e grosseria que arrasta consigo a imagem da instituição Futebol Clube do Porto. Isso é inaceitável e, se o treinador não vê mal nenhum nisso e legitima estes procedimentos perante a ausência de lideranças maiores, alguma coisa está muito mal no clube do Dragão.

27. Se nem um árbitro como Jorge Sousa, com as referências ‘portistas’ que tem, escapa às críticas depois de um semi-desaire, alguma coisa está mesmo mal, mesmo que fosse apenas um mero passa-culpas.

28. A questão do ‘tempo útil de jogo’ deve ser reflectida, mas não foi um exclusivo do FC Porto. A diferença de recursos e de orçamentos não explica tudo sobre a utilização de algumas ‘armas’, mas o FC Porto, que havia sido competente com o Famalicão não o foi com o Marítimo. Pela oposição madeirense e por culpa do FC Porto.

29. O estado do relvado, o jogo duro do adversário e a arbitragem são puras desculpas. Pelo menos, não explicam tudo.

30. Sérgio Conceição, naturalmente pressionado e a fazer apostas de risco tem de falar com o ‘monstro’ que habita na sua caverna, porque a instituição FCP e a imagem que projecta, têm de estar acima de presidentes, administradores e treinadores. E ela só se defende com bom-senso, responsabilidade e… autocrítica de quem representa a instituição e não é ‘a’ instituição.

O CACTO

A lei
e o Benfica

Um jornalista do ‘JN’ foi ao Brasil fazer um trabalho de reportagem com Jorge Jesus. E, para apresentar um conjunto de perguntas a seguir ao jogo que o Flamengo realizou com o CSA, intitulou-se como ‘sportinguista’ e fez um conjunto de observações absolutamente fora do contexto que um profissional desta área não deve, em circunstância nenhuma, sentir-se à vontade para verbalizar, e muito menos num contexto introdutório de uma conferência de imprensa. Chegou ao ponto de dizer que o Sporting foi ‘roubado’ na primeira época de Jesus ao serviço dos ‘leões’ e que o Benfica não merecia ter conquistado o campeonato que ficou conhecido como o ‘campeonato dos padres’.

Se as conferências de imprensa passarem a ter este tom, é a ‘selva’ instalada e o jornalismo morre na obsessão da defesa das cores clubísticas. Não pode ser assim. As sedes de opinião têm de estar bem identificadas.

Foi chocante, como foi chocante a omissão ou a aparente desculpabilização desse atropelo.

O Benfica tem o direito de se sentir visado, mas não tem o direito de passar por cima da lei. O Benfica tem todo o direito de apresentar o seu protesto e eventual queixa às entidades competentes, mas não pode substituir a lei nem pode ter a veleidade de se comportar como se fosse a lei ou o regulador da lei, sobretudo quando já teve um jornalista (BTV) que protagonizou um dos momentos mais degradantes da história da comunicação social, apelidando de ‘bandidos’ os jogadores do FC Porto e utilizando todo o tipo de impropérios — do mais baixo e ordinário que se possa imaginar.

Os clubes em Portugal não substituem os tribunais, mesmo que pensem que substituem e que haja indícios de que isso, às vezes, acontece. A democracia no seu pior.
daqui

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