O VAR (Video Assistant Referee) está com as dores de crescimento que já eram esperadas num futebol português que se deixa agitar em discussões estéreis e, aqui e ali, até selvagens e analfabetas.
A falta não assinalada de Cervi num dos golos do Benfica no Bessa, a infração sobre o bracarense Galeno que antecedeu o golo da vitória do Paços e o empurrão de Corona sobre Mamadu na jogada que eliminou o Santa Clara da Taça de Portugal, entre outros casos, parecem até ter convertido muitos dos que olhavam para o uso das novas tecnologias como os judeus encaram o toucinho. Mas é vê-los agora a esmiuçar o protocolo do VAR. Isto enquanto alguns responsáveis do FC Porto e do Benfica repetem querelas milenares, num jogo de espelhos sem-vergonha.
Claro que os referidos erros contrariam a vontade de corrigir os lapsos ou as desatenções do árbitro. Mas se o uso das novas tecnologias chegou para minimizar a percentagem de erros, mais importante do que questionar a honorabilidade de quem está na Cidade do Futebol será ponderar o que pode ser feito para melhorar o seu trabalho. E a mais óbvia continua a ser a necessidade da especialização. Urge criar um quadro estável de vídeo-árbitros, por forma a que os árbitros no ativo não tenham de se dividir nas tarefas e para que se acabe com os constrangimentos, sejam eles reais ou não. E há algo que começa também a ser claro: um ex-árbitro, mesmo que com qualidade inquestionável, não tem necessariamente de reunir todas as condições para ser também um bom vídeo-árbitro. Porque são funções diferentes, que exigem aptidões distintas. E isso é ainda mais verdade, claro, quando se trata de um juiz medíocre.
Mas não se pense que estas polémicas são um exclusivo nosso. Em Espanha, o Real e a imprensa madrilena continuam a protestar os penáltis que, na semana passada, terão ficado por marcar a seu favor no Camp Nou. Na Grécia, o português Vítor Pereira, que é o responsável pela arbitragem grega, tem estado no olho do furacão, acusado de ser um ‘excremento’ pelo inenarrável presidente do Olympiacos. E a revista alemã ‘Kicker’ fez uma pesquisa, em parceria com o Fair Play FC (um clube de adeptos que luta pela integridade do futebol), em que fica claro que apenas 50% dos adeptos germânicos são favoráveis ao vídeo-árbitro, enquanto mais de 40% manifestam o seu voto contrário. Os maiores críticos entendem que o protocolo é mal aplicado, uma parte importante acusa o VAR de retirar as emoções do futebol e há também quem insista que a solução só fará sentido quando os lances polémicos passarem a ser mostrados nos ecrãs gigantes dos estádios. E a verdade é que a Federação Alemã parece estar disposta a seguir, pelo menos, esta última exigência, vontade que me parece ser o caminho inevitável no futuro.
Outra coisa que se nota é a necessidade de uniformização. O vídeo-árbitro já é utilizado, no futebol, em 25 países, isto sem contar com a serventia que lhe é dada pela FIFA e pelas suas confederações nas suas provas. O IFAB (International Football Association Board), que regula as regras, aprovou o protocolo, mas a sua interpretação difere muito de país para país e até de vídeo-árbitro para vídeo-árbitro. Há quem critique por considerar que há excessiva utilização em lances interpretativos (com é, muitas vezes, a demanda sobre se é ou não penálti), até porque o IFAB defende que deve haver "mínima interferência e máximo benefício".
Na Premier League, os vídeo-árbitros parecem respeitar a linhagem do futebol britânico e o protocolo só é aplicado em faltas muito grosseiras e indubitáveis - e, mesmo aí, nem sempre intervém. Os ingleses, recorde-se, não aderiram à moda de imediato, preferindo ir com calma e aproveitar o primeiro ano de implementação para efetuar testes. Nesses ensaios logo entenderam que havia uma demora excessiva no reinício do jogo para perscrutar lances interpretativos. Daí que só em casos muito concretos é que os árbitros vão ver as imagens em câmara lenta. Mas em Portugal até se discute porque não vai o árbitro confirmar se há ou não fora-de-jogo, quando está preestabelecido o contrário.
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Klopp, o dono do Mundo
Jürgen Klopp já era um dos três melhores treinadores do Mundo, mas está a transformar-se numa lenda. Quando foi apresentado, anunciou-se como "the normal one", mas fez o que nenhum dos 21 antecessores havia conseguido em 127 anos: o Liverpool é dono do Mundo.
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Messi vai passar Pelé
Num Barça abúlico, o pequeno argentino continua a vender magia. Vai com 618 golos ao serviço dos catalães, preparando-se para ultrapassar os 643 de Pelé no Santos e bater um recorde com 43 anos. E vem aí mais uma renovação…
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Os voos de Patrício
Continua a retoma do Wolves, que recuperou o sexto posto da Premier League. Mas para a reviravolta e a vitória na casa do Norwich contribuiu a exibição reluzente de Rui Patrício, que fez seis defesas decisivas.
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A lisura de Vítor Oliveira
Diz-se que os treinadores só citam os erros dos árbitros quando são prejudicados. Há, pelo menos, uma exceção: Vítor Oliveira disse não ter visto nenhuma falta sobre o seu guarda-redes no golo anulado ao Rio Ave. Aleluia.
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Sombras sobre Setúbal
O empréstimo de 300 mil euros de um empresário ao V. Setúbal é uma situação surreal e muito duvidosa. Até por ter sido em dinheiro vivo e por haver imagens do momento. E se acrescentarmos a demissão de dez dirigentes (que vão precipitar as eleições), o cenário ainda fica menos natalício.
daquiClaro que os referidos erros contrariam a vontade de corrigir os lapsos ou as desatenções do árbitro. Mas se o uso das novas tecnologias chegou para minimizar a percentagem de erros, mais importante do que questionar a honorabilidade de quem está na Cidade do Futebol será ponderar o que pode ser feito para melhorar o seu trabalho. E a mais óbvia continua a ser a necessidade da especialização. Urge criar um quadro estável de vídeo-árbitros, por forma a que os árbitros no ativo não tenham de se dividir nas tarefas e para que se acabe com os constrangimentos, sejam eles reais ou não. E há algo que começa também a ser claro: um ex-árbitro, mesmo que com qualidade inquestionável, não tem necessariamente de reunir todas as condições para ser também um bom vídeo-árbitro. Porque são funções diferentes, que exigem aptidões distintas. E isso é ainda mais verdade, claro, quando se trata de um juiz medíocre.
Mas não se pense que estas polémicas são um exclusivo nosso. Em Espanha, o Real e a imprensa madrilena continuam a protestar os penáltis que, na semana passada, terão ficado por marcar a seu favor no Camp Nou. Na Grécia, o português Vítor Pereira, que é o responsável pela arbitragem grega, tem estado no olho do furacão, acusado de ser um ‘excremento’ pelo inenarrável presidente do Olympiacos. E a revista alemã ‘Kicker’ fez uma pesquisa, em parceria com o Fair Play FC (um clube de adeptos que luta pela integridade do futebol), em que fica claro que apenas 50% dos adeptos germânicos são favoráveis ao vídeo-árbitro, enquanto mais de 40% manifestam o seu voto contrário. Os maiores críticos entendem que o protocolo é mal aplicado, uma parte importante acusa o VAR de retirar as emoções do futebol e há também quem insista que a solução só fará sentido quando os lances polémicos passarem a ser mostrados nos ecrãs gigantes dos estádios. E a verdade é que a Federação Alemã parece estar disposta a seguir, pelo menos, esta última exigência, vontade que me parece ser o caminho inevitável no futuro.
Outra coisa que se nota é a necessidade de uniformização. O vídeo-árbitro já é utilizado, no futebol, em 25 países, isto sem contar com a serventia que lhe é dada pela FIFA e pelas suas confederações nas suas provas. O IFAB (International Football Association Board), que regula as regras, aprovou o protocolo, mas a sua interpretação difere muito de país para país e até de vídeo-árbitro para vídeo-árbitro. Há quem critique por considerar que há excessiva utilização em lances interpretativos (com é, muitas vezes, a demanda sobre se é ou não penálti), até porque o IFAB defende que deve haver "mínima interferência e máximo benefício".
Na Premier League, os vídeo-árbitros parecem respeitar a linhagem do futebol britânico e o protocolo só é aplicado em faltas muito grosseiras e indubitáveis - e, mesmo aí, nem sempre intervém. Os ingleses, recorde-se, não aderiram à moda de imediato, preferindo ir com calma e aproveitar o primeiro ano de implementação para efetuar testes. Nesses ensaios logo entenderam que havia uma demora excessiva no reinício do jogo para perscrutar lances interpretativos. Daí que só em casos muito concretos é que os árbitros vão ver as imagens em câmara lenta. Mas em Portugal até se discute porque não vai o árbitro confirmar se há ou não fora-de-jogo, quando está preestabelecido o contrário.
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Klopp, o dono do Mundo
Jürgen Klopp já era um dos três melhores treinadores do Mundo, mas está a transformar-se numa lenda. Quando foi apresentado, anunciou-se como "the normal one", mas fez o que nenhum dos 21 antecessores havia conseguido em 127 anos: o Liverpool é dono do Mundo.
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Messi vai passar Pelé
Num Barça abúlico, o pequeno argentino continua a vender magia. Vai com 618 golos ao serviço dos catalães, preparando-se para ultrapassar os 643 de Pelé no Santos e bater um recorde com 43 anos. E vem aí mais uma renovação…
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Os voos de Patrício
Continua a retoma do Wolves, que recuperou o sexto posto da Premier League. Mas para a reviravolta e a vitória na casa do Norwich contribuiu a exibição reluzente de Rui Patrício, que fez seis defesas decisivas.
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A lisura de Vítor Oliveira
Diz-se que os treinadores só citam os erros dos árbitros quando são prejudicados. Há, pelo menos, uma exceção: Vítor Oliveira disse não ter visto nenhuma falta sobre o seu guarda-redes no golo anulado ao Rio Ave. Aleluia.
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Sombras sobre Setúbal
O empréstimo de 300 mil euros de um empresário ao V. Setúbal é uma situação surreal e muito duvidosa. Até por ter sido em dinheiro vivo e por haver imagens do momento. E se acrescentarmos a demissão de dez dirigentes (que vão precipitar as eleições), o cenário ainda fica menos natalício.
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