sábado, 11 de janeiro de 2020

TELHADOS DE VIDRO E O SISTEMA...GRIPADO




O futebol português tem esta ancestral e sacrossanta capacidade de não nos surpreender, com os casos que merecem análise:
1 RAUL DE TOMAS — As transferências não são explicadas e quem participa nelas acha que não as tem de explicar. Dizem que ‘é o Mercado a funcionar’ . Eu diria que ‘é o sistema a funcionar’, pouco ou nada regulado. Jorge Mendes tomou conta, grosso modo, de 75% do Mercado e o facto de se dizer que ele não tem directamente a ver com esta ou aquela operação não significa nada, porque as intermediações têm demasiados braços e nem sempre A está formalmente ligado a B. A FIFA e a UEFA (no caso europeu) ainda não conseguiram qualquer tipo de eficácia em relação às intenções (a FPF está interessada no tema e o presidente Fernando Gomes prometeu em Julho que precisaria de 1 ano para implementar o funcionamento da Casa de Transferências em Portugal), mas a liberalização e a legitimação de processos chegou a um ponto tão avançado e potencialmente escandaloso que um dia esta ‘rédea livre’ tem de acabar. Há, de facto, muita coisa por explicar ( e não exactamente pelos ‘peões’ de Jorge Mendes na comunicação social) e, no mínimo, uma sessão de promiscuidade entre compradores, vendedores, agentes — e tudo o mais que seria importante investigar e apurar.
2 GRIPADOS — Uma doença súbita que atinge parte considerável de um plantel não é uma coisa muito habitual no futebol, pelo menos em termos mediáticos. É um tema sensível, porque um pedido do clube afectado (o VFC) poderia merecer compreensão do seu adversário (o SCP), que até tem um médico na presidência, e principalmente da Liga, mas as coisas no futebol em Portugal — tão habituado às mentiras, meias verdades, jogadas de bastidores e tutti quanti de um arsenal de pirotecnia dialéctica — não são assim tão lineares. As lesões, indisponibilidades pontuais, por doença ou por outros motivos, fazem parte do dia-a-dia do futebol. Por isso, os planteis são grandes e, neste futebol de baixa postura ética, todas as informações devem ser escrutinadas e, até, contraditadas. Acresce que o Vitória — instável há muitos anos — está em véspera de eleições (dia 17). Adiar este jogo pelos motivos aduzidos seria abrir um complicado precedente e, na verdade, se estamos a falar de um quadro de saúde, o futebol português já deveria, todo ele, ter sido adiado, se colocarmos o foco em matéria de comportamentos…  Em nome da integridade da competição e da verdade desportiva, a Liga deveria ter-se apresentado no Bonfim com os respectivos directores clínicos e avaliar a situação. Mas se o Vitória recusa uma junta médica para esta manhã… fica tudo dito.

3 INTERESSE DO MU EM BRUNO FERNANDES - O interesse do Manchester United (MU) em Bruno Fernandes, que revelei na terça-feira, no ‘Tempo Extra’, foi o mote para reunião que as ‘três partes’ tiveram, ontem, ao almoço, em Londres. O negócio não foi fechado, mas parece ter pernas para andar, se o United chegar aos números que o Sporting pretende.

4 FERNANDO GOMES E MANUEL FERNANDES - Dois grandes jogadores da mesma geração encontraram-se na Liga, como embaixadores do FC Porto e do Sporting, a propósito da apresentação da ‘final four’ da Taça da Liga. O ex-capitão dos ‘leões’ lembrou, e bem, que "a importância de saber ganhar é igual à de saber perder" e os ex-capitão dos ‘dragões’ ripostou, lembrando que "todos temos telhados de vidro’ e todos nós temos de reflectir sobre isso". Ora aqui estão duas grandes verdades: a falta de fair-play e o não reconhecimento dos telhados de vidro estão a adiar sucessivamente, com custos elevadíssimos, o transporte do futebol português para uma plataforma de mínima credibilidade.

5 TOCHAS E PETARDOS - O que se passou em Guimarães, no jogo entre o Vitória e o Benfica, e que já conheceu outros palcos, em Portugal, precisa de uma mão firme da APCVD e do Conselho de Disciplina da FPF. Os consumidores que não fazem parte de claques (oficiais ou oficiosas) e que gostam de futebol estão cansados desta impunidade. A quantidade de artefactos levados (sem controlo eficaz) para dentro do Estádio, por um lado, e a sua utilização, por outro, não podem deixar de ser punidos. No quadro legal vigente, os adeptos prevaricadores têm de ficar interditados de frequentar recintos desportivos e, considerando os regulamentos, os dois clubes têm de ser punidos. Tudo o resto é alegar complexidade processual para nada ou pouco se fazer.

6 COMPARAÇÃO COM PEDROTO - Pinto da Costa entendeu comparar Sérgio Conceição a Pedroto. Soou a elogio, mas um dos problemas do FC Porto é estar demasiado agarrado aos dogmas do passado, sem proceder à regeneração que seria imperativa.

7 DESTITUIÇÃO LEONINA - Um exemplo de como se gasta o tempo para dividir, na tentativa de poder reinar. A destituição que estava por fazer está feita: agora, é tempo de controlar os danos. Destituição? Até parece anedota!

NOTA - A vitória de Portugal sobre a França, em andebol, é um grande momento do desporto português e merece ser valorizado como tal. Parabéns aos protagonistas!

 

JARDIM DAS ESTRELAS *** (3 estrelas)

Julian Weigl não brilhou

Dois jogos importantes para as contas do título a uma sexta-feira. Dois jogos em que Benfica e FC Porto estiveram em desvantagem e dois jogos com decisões de arbitragem muito polémicas.

Havia natural expectativa em redor da estreia, na Luz, de Julian Weigl, que acabou por ser substituído (por Cervi) com uma hora de jogo e o Benfica a perder. Fez dupla com Gabriel, a opção mais lógica neste momento. A estreia não foi auspiciosa, longe disso, porque o Aves teve sempre um jogador a vigiar os movimentos do médio alemão e é natural que a falta de entrosamento com a equipa e com o jogador brasileiro tivesse sido evidente. Vê-se que quis envolver-se no momento da construção, chegou mesmo a ter um lance de finalização na área do Aves, mas a estreia do centrocampista germânico ficou prejudicada pelo número excessivo de alterações decididas por Bruno Lage no ‘onze’ do Benfica. Numa noite em que os ‘encarnados’ iam absorver pela primeira vez um ‘corpo estranho’ (Weigl) não seriam aconselháveis tantas alterações . Lage quis meter Jota e Seferovic, em detrimento de Cervi e Vinicius, que têm estado ultimamente muito bem, e a equipa ressentiu-se, num jogo em que o Aves foi surpreendente: 55 minutos a vencer e só perdeu a dianteira no marcador através de um penálti que vai ser muito discutido nos próximos dias.

Em Moreira de Cónegos, a dupla de centrais Pepe-Marcano deu lugar à dupla Mbemba-Diogo Leite e a defesa portista oscilou em demasia nos primeiros momentos do jogo e no 2-2. Os candidatos ao título não estão consistentes. 

2 comentários:

  1. Um artigo de um lagarto que gosta de se passar por jornalista isento, mas que está cada vez mais lagarto.

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  2. Mas que maravilha...

    No jogo Sporting vs FcPorto nao houve tochas nem petardos?!...hehehe, este futebolzinho tuga é demais!

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