sábado, 15 de fevereiro de 2020

ÁRBITROS ESTRANGEIROS OU... MAU PAGADOR?!

Em baixo, mais um polémico artigo de opinião de Rui Santos na sua página do record.




Quando surgiu o ‘caso dos emails’, com a revelação de alguma situações que colocavam em causa a relação entre o Benfica e o sector da arbitragem, ficando expostos os ‘padres’ e o ‘primeiro-ministro’, não tive dúvidas de que a FPF deveria fazer alguma coisa no sentido de salvaguardar a integridade do respectivo campeonato nacional, protegendo a corporação dos árbitros, que ficou demasiado vulnerável e à mercê de ataques dos mais diversos quadrantes. Defendi, então, a requisição de ‘árbitros estrangeiros’ para a Liga portuguesa.

Em Abril de 2019, consciente de que a fase final do campeonato iria ser particularmente quente, com muita coisa em jogo, defendi essa solução dos ‘árbitros estrangeiros’, por considerar que estávamos perante uma situação extrema e perigosa em termos de gestão do sector da arbitragem, a partir das nomeações, e utilizei um dos argumentos agora utilizados por Luís Filipe Vieira, segundo o qual - disse o presidente dos encarnados - "… eles não estão conectados [creio que queria dizer ‘conotados’] nem com o Benfica nem com o FC Porto".

Em Fevereiro de 2017, a propósito de uma reunião que estava aprazada entre o Benfica e a FPF, para a qual os encarnados haviam agendado a abordagem do tema da coacção (a acusação era sobre o FC Porto), e a dois meses de um clássico entre os dois emblemas, já havia sugerido (naquela altura) que fosse nomeado para esse jogo um árbitro estrangeiro.

O tema, portanto, não é novo e, não sendo fácil nem prática que não tivesse sido já usada noutras ligas, nomeadamente na da Grécia, mas aqui com forte intervenção do Estado, talvez merecesse uma mais profunda reflexão, no sentido de um maior intercâmbio entre federações e ligas europeias, em momentos mais decisivos ou em ambientes mais stressantes, nas relações entre clubes e arbitragem.

Em Portugal, por não ter havido medidas estruturantes para pôr cobro a muitas situações abusivas e fortemente penalizadoras para a verdade desportiva, antes e depois do ‘Apito Dourado’, os clubes com maior representatividade e impacto mediático, por acharem que o seu clássico comportamento em relação ao sector da arbitragem continua a dar frutos, insistem na mesma fórmula, agora com o adicional da comunicação, quer através dos ‘cartilheiros’ de serviço - quais pontas-de-lança colocados estrategicamente nas grandes áreas da dita comunicação -, quer através dos canais próprios ou ainda através de incentivos junto de profissionais das redes sociais.

Se a coisa já era má, muito má, antes do advento da internet, agora as coisas não são melhores e o ruído centuplicou. Os clubes fazem de conta que vivem indignados mas adoram o ‘circo’, porque feitas as contas acham sempre que ganham algum coisa com ele.

É bom não perder de vista que, em matéria de arbitragem, e com o Sporting a contar pouco em tudo o que tenha a ver com ‘influências de poder’, muito por força da sua natureza autofágica e automutiladora, Benfica e FC Porto sempre quiseram e continuam a querer uma única e a mesma coisa: o controlo da arbitragem. E, como sabemos, quer o Benfica, quer o FC Porto, em períodos diferenciados, já tiveram o total controlo da arbitragem, e isso não apenas se fazia sentir ao nível das nomeações, mas também ao nível das arbitragens em campo.

Luís Filipe Vieira, nestas coisas, é muito parecido a Pinto da Costa e, sendo diferentes nas personalidades, são muito iguais nos comportamentos e nos objectivos, não revelando quaisquer cuidados na forma em como protagonizá-los e alcançá-los.

A requisição de árbitros estrangeiros, por parte de Luís Filipe Vieira, revela duas coisas:
1) Não controla este Conselho de Arbitragem como controlava o anterior;
2) É realizada após uma derrota no Estádio do Dragão, perante um adversário que foi melhor em quase todos os aspectos da partida, o que fragiliza a pretensão e a bondade da solicitação.

E essa requisição não vai dar em nada, primeiro porque o Conselho de Arbitragem continua a achar que isso seria concordar com a falta de qualidade do seu quadro de árbitros e, segundo, porque o FC Porto já deixou bem claro que esse hipótese, a concretizar-se, seria… "uma alarvidade".

Luís Filipe Vieira, no fundo, nem sequer estará muito interessado em ‘árbitros estrangeiros’; o que ele quer e sempre quis é manter a pressão sobre o Conselho de Arbitragem e sobre o seu presidente, José Fontelas Gomes. E o que aconteceu, entretanto? Nomeação de VAR para o jogo da Luz: Bruno Esteves. Nomeação para VAR do jogo em Guimarães (Vitória-FC Porto): Nuno Almeida.

De que se queixa, afinal, Luís Filipe Vieira? Sinceramente, neste momento, Vieira devia queixar-se de Bruno Lage e da equipa que, no Dragão, não foi capaz de fazer aquilo que tinha de fazer: assegurar 10 pontos de vantagem sobre o seu mais directo adversário e ‘acabar’ com o campeonato. Tudo o resto são desculpas de mau pagador. Literalmente.
*Texto escrito com a antiga ortografia


JARDIM DAS ESTRELAS

******
O balão vai rebentar?
A UEFA castigou exemplarmente o Manchester City, com 2 anos sem jogar na Europa/Champions e 30 milhões de multa, por incumprimento das regras do Fair Play Financeiro. É uma penalização muito forte e que serve de alerta para todos os clubes já advertidos pelo organismo que tutela o futebol europeu. A sanção não afecta a actual temporada (a eliminatória dos oitavos-de-final com Real Madrid não será afectada), mas percebe-se que, tendo penalizado o Manchester City, a UEFA vai querer manter os seus padrões de exigência e vigilância perante todos os outros clubes. Aqui está mais uma consequência das revelações feitas através do ‘Football Leaks’. O que necessita de ser reflectido é o motivo pelo qual os sistemas tradicionais de controlo financeiro e regulação (auditorias, etc.) estão todos a falhar. O modelo fez enriquecer muita gente, mas o balão promete rebentar.


O CACTO

"Assalto à FPF"
Cumpriram-se esta semana 7 anos sobre o ‘assalto à FPF’. Não é um assunto que esteja em agenda nem sequer foi falado mediaticamente e até sugiro que possa ser debatido na esfera pública. Quando há polémicas ou alusões a outros casos, este nunca vem à baila. Porquê? Recordo que a sede da FPF foi assaltada em Fevereiro de 2013, tendo sido furtado o computador do presidente Fernando Gomes, que à data referiu-se ao facto como "estratégias de intimidação". Volvidos 7 anos, a pergunta permanece sem resposta: quem quis intimidar Fernando Gomes? E quais foram os efeitos dessa alegada intimidação...?
daqui

Sem comentários:

Enviar um comentário

Bardamerda para a maioria dos analistas

  Ansioso para ler e ver o que tem a dizer os 'cientistas da bola', depois de anteontem o Barcelona ter 'empacotado' 8 batat...