segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

PERDER CAMPEONATOS COM 7 PONTOS DE AVANÇO?!

Em baixo, um excelente artigo do jornalista Ricardo Quaresma no Jornal «A Bola». Vale a pena ler.


TALVEZ SEJA SÓ COINCIDÊNCIA

É difícil, a esta distância, perceber o que se passa para a súbita queda de rendimento do Benfica. Tal como é complicado, a uma distância ainda maior, perceber o que se passou no FC Porto há um ano para ter chegado a janeiro com sete pontos de avanço e tê-los desperdiçado todos (e mais alguns...) até maio. É difícil, perceba-se, para os adeptos e para quem, como nós jornalistas, teria, em teoria, a obrigação de descobrir explicações onde outros não as veem. O problema é que, sem acesso ao que se passa nos balneários e, nos tempos mais recentes, sem acesso sequer aos treinos, ficamos todos em pé de igualdade, limitados ao que se passa nos jogos para encontrar segredos que nem sempre estão (ou pelo menos nem sempre estão exclusivamente) no que se passa em 90 minutos.

Haverá, é claro, razões para o que se passa agora no Benfica e para o que se passou com o FC Porto da época passada. É impossível olhar para os dois casos e não descobrir neles semelhanças. Algumas podem ser até meras coincidências, mas estão lá. E uma delas salta, desde logo, à vista:

- Há um ano o FC Porto estava na liderança com sete pontos de avanço para o Benfica. Praticava um futebol seguro e parecia embalado para o título. Chegou o mercado de janeiro e contratou Pepe. Todos pensámos que o plantel às ordens de Sérgio Conceição ficaria inquestionavelmente mais forte e que, com sete pontos de vantagem, a confirmação do título seria questão de tempo. Conceição pensou o que qualquer um de nós pensaria: ‘não se contrata um jogador da craveira de Pepe para deixá-lo no banco’. Mexeu, por isso, na dupla de centrais que tão boa conta do recado estava a dar e encostou Éder Militão a lateral-direito, colocando Pepe ao lado de Felipe. Os resultados foram o que se viu. Pode não ter sido só por aí, mas foi, de certeza, também por aí...

- Há umas semanas o Benfica estava na liderança com sete pontos de avanço para o FC Porto. Praticava o melhor futebol que se lhe vira esta época e parecia embalado para o título. Chegou o mercado de janeiro e contrato Weigl, um médio alemão em quem quase todos veem qualidade muito acima da média, por 20 milhões de euros. Todos pensámos que o plantel às ordens de Bruno Lage ficaria inquestionavelmente mais forte e que, com sete pontos de vantagem, a confirmação do título seria questão de tempo. Lage pensou o que qualquer um de nós pensaria: ‘não se contrata um jogador por 20 milhões de euros para deixá-lo no banco’ - ainda mais depois do que aconteceu com RDT, acrescento eu... Mexeu, por isso, na dupla de médios que tão boa conta do recado estava a dar e foi alternando entre Weigl/Taarabt/ Gabriel - sim, agora está afastado  dos relvados mas estava OK quando o treinador começou a apostar nessa rotação. Os resultados estão à vista. Pode não ser só por aí, mas é, de certeza, também por aí.
Não está em causa, perceba-se, a qualidade de Pepe ou Weigl. Trata-se, apenas, de uma coincidência. Ou apenas dois casos de jogadores que chegam para equilibrar equipas e acabam por desequilibrá-las. E não por culpa deles...

É difícil, a esta distância, perceber o que se passa na arbitragem. Numa semana em que se discutiu, de forma exaustiva, as regras que motivaram a decisão de Artur Soares Dias em marcar penálti no clássico do Dragão no lance da mão de Ferro na área encarnada, com o Conselho de Arbitragem, mesmo que de forma não oficial, a validá-la, como é possível que o VAR do Rio Ave-Sporting (sim, ilibo neste caso concreto Fábio Veríssimo, por ser legítimo que não tenha, em campo, tido a perspetiva completa do que se passou) não tenha, pelo menos, chamado o árbitro para analisar o lance de Neto na área leonina? Ou só Artur Soares Dias e Tiago Martins é que receberam as diretivas da FIFA sobre as mãos na área em casos de jogadores que estão de costas?...
 

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