Ora aqui está um tema melindroso para alguns, é algo que também não entendo.
Samaris com Rui Vitória já pouco contava e com Bruno Lage esta época tem sido a mesma coisa.
Samaris com Rui Vitória já pouco contava e com Bruno Lage esta época tem sido a mesma coisa.
O Benfica perdeu 6 dos 7 pontos que tinha de vantagem, no campeonato, sobre o FC Porto e, de repente, colocou em risco a renovação do título.
O Benfica é, em Portugal, uma parte por mérito próprio, a equipa que reúne mais possibilidades de ser campeã nacional. O crescimento do Benfica tem um preço: ser campeão é normal; não ser campeão é dramático — e, na verdade, não o deveria ser.
Não parece nem sequer objecto de grande discussão que a consolidação desportiva do Benfica seja uma realidade num momento de maior fragilidade do FC Porto e do Sporting, ao mesmo tempo que se assiste à tentativa do SC Braga em fazer corresponder o seu crescimento infra-estrutural a uma adesão maior por parte de potenciais associados e do V. Guimarães em não deixar o pelotão da frente.
O Benfica está na final da Taça de Portugal, depois de uma meia-final com o Famalicão, em cujas duas mãos — casa e fora — a equipa de Lage não convenceu. A este mais recente ciclo de 4 jogos sem vencer, o que é invulgar no clube da Luz, devem juntar-se mais alguns jogos em que a equipa do Benfica parece engasgada. Não desenvolve, nem quando tem a bola, nem principalmente quando não a tem, o que faz com os ‘encarnados’ tenham sofrido golos em todos os últimos compromissos — 11 em 6 jogos.
Agora, na Ucrânia, o resultado voltou a ser melhor do que a exibição, embora seja de reconhecer que Bruno Lage ensaiou uma nova fórmula — com Pizzi por dentro e Chiquinho de fora para dentro, ainda que sem Rafa e sem Vinicius de início, juntando-lhes, no meio-campo central, Florentino e Taarabt.
As alterações não resultaram numa redinamização da equipa, porque o problema, sendo global, tem a ver, também, com a quebra de ‘forma’ (física e mental) de alguns jogadores, entre os quais os casos mais evidentes são os de Ferro, Grimaldo e Pizzi, sendo que — tirando o caso de Vlachodimos, verdadeiro ‘abono de família’ da equipa — todos os outros revelam inconsistências várias.
Ainda com RDT, Bruno Lage fez experiências atrás de experiências, como se estivesse num laboratório de química, dia e noite, à procura da fórmula ideal para conseguir a melhor combustão ofensiva. Parece tê-la encontrado com Rafa e Vinicius — e com Cervi à esquerda; solucionado esse problema, com a contratação de Weigl e as garantias dadas por Gabriel, o Benfica parecia destinado a fazer uma equipa muito forte para ‘atacar’ todas as frentes.
A verdade, porém, é que — por razões clínicas e oftalmológicas — Gabriel deixou de contar (Fejsa e Gedson já se tinham ido embora) e então começaram novos serões laboratoriais, na procura da fórmula químico-futebolística capaz de proporcionar a melhor ‘faísca’ defensiva, mas também a ligação para os criativos da frente. Toda a gente percebe que a estabilidade dinâmica depende da conciliação dos diversos sectores de uma equipa, das compensações e das ações concertadas entre laterais e médios interiores; quanto melhor os treinadores tratarem as partes, melhor será o todo. Mas é o todo que, em cada jogo, é testado — e esse todo no Benfica não está a funcionar.
Sem Gabriel no lote de opções para a dupla de médios, restam Florentino, Weigl e Samaris. Pensava-se que, à razão de 20M€, Weigl iria fazer com Gabriel uma dupla de betão, mas no futebol as coisas são como são: Weigl ainda não se impôs totalmente e Gabriel deixou de contar. De repente, algo que era uma solução tornou-se num problema. Na Ucrânia, por força do castigo do médio germânico, jogaram Florentino (dois meses ausente da equipa principal) e Taarabt.
Esta ideia do ‘superTaarabt’ também me parece excessiva.
Se juntarmos a uma opção ela própria a transportar o seu próprio estigma (longa ausência de Florentino) as alterações que Bruno Lage produziu, na constituição e nas movimentações, havia fortes possibilidades de as coisas não correram bem. E não correram. O resultado deixa tudo em aberto e, no âmbito da eliminatória, abre esperanças de apuramento. Mas o problema é o nível de rendimento e o futebol (não) jogado. Com o FC Porto, duas vezes com o Famalicão, com o Braga e com a B, SAD. Lage não está em boa forma: no Dragão foi um desastre e, genericamente, no último mês e meio pareceu sempre algo perdido. E há uma coisa que não se entende: relegar Samaris para a condição de ‘patinho feio’.
"Patinho feio", porquê? Foi com Samaris que o Benfica desenvolveu uma das suas melhores faces com Bruno Lage, não apenas por força do acrescento de dinâmicas positivas, mas sobretudo pelo compromisso. Não há jogador que se comprometa mais e, com Samaris a ser permanentemente relegado, aquela entrada, na Ucrânia, aos 90+2 minutos, se não foi castigo, pareceu. Não sei qual é o defeito de Samaris e não merece ser tratado como proscrito. Vale como jogador e vale como ‘alma’ (do Benfica).
O CACTO - Marega e o país
Manifestações de racismo são manifestações de racismo — e imitar o som de macacos é uma manifestação de racismo. Ponto. Intolerável. Irrelativizável.
Não se teria passado nada, contudo, se Marega — ferido na sua dignidade — não tem tomado a decisão de abandonar o campo.
Não foi ‘o país’ que defendeu Marega. Foi Marega quem se defendeu a si próprio. Foi Marega quem se defendeu do país. Porque durante anos e durante décadas, ‘o país’ nunca se inquietou, na sua expressão política e comunicacional, perante dezenas, centenas e milhares de situações idênticas, ocorridas em recintos desportivos. Na divisão principal e nos escalões secundários. No futebol profissional e no futebol não profissional. Também nos pavilhões. Mas também nas ruas, nas famílias e nos empregos. A hipocrisia andou de mãos dadas com a revolta.
Cada manifestação de racismo devia ser acompanhada de um protesto colectivo. As vítimas de racismo deviam fazer, todas, como Marega. Abandonar (o palco — seja ele um relvado, um asfalto ou um sobrado).
Fez mal ‘o país’ em se manifestar da maneira que se manifestou no apoio a Marega? Não. Fez bem.
Este país, contudo tão normalmente silencioso e passivo contra o mesmo ou outro tipo de crimes, no desporto ou fora dele é o mesmo país que não se convoca para condenar todo o tipo de abusos e excessos, principalmente no incitamento ao ódio entre adversários. Quem se manifestou para impedir que os habituais fautores e instigadores de ódio se colocassem, agora, na primeira fila dos centuriões?…
O gesto de Marega só terá significado se houver consequências e ‘o país’, este país, perceber que não se pode pactuar com nenhum tipo de violência — e isso muitos continuam a desprezar, parecendo heróis.
daquiNão parece nem sequer objecto de grande discussão que a consolidação desportiva do Benfica seja uma realidade num momento de maior fragilidade do FC Porto e do Sporting, ao mesmo tempo que se assiste à tentativa do SC Braga em fazer corresponder o seu crescimento infra-estrutural a uma adesão maior por parte de potenciais associados e do V. Guimarães em não deixar o pelotão da frente.
O Benfica está na final da Taça de Portugal, depois de uma meia-final com o Famalicão, em cujas duas mãos — casa e fora — a equipa de Lage não convenceu. A este mais recente ciclo de 4 jogos sem vencer, o que é invulgar no clube da Luz, devem juntar-se mais alguns jogos em que a equipa do Benfica parece engasgada. Não desenvolve, nem quando tem a bola, nem principalmente quando não a tem, o que faz com os ‘encarnados’ tenham sofrido golos em todos os últimos compromissos — 11 em 6 jogos.
Agora, na Ucrânia, o resultado voltou a ser melhor do que a exibição, embora seja de reconhecer que Bruno Lage ensaiou uma nova fórmula — com Pizzi por dentro e Chiquinho de fora para dentro, ainda que sem Rafa e sem Vinicius de início, juntando-lhes, no meio-campo central, Florentino e Taarabt.
As alterações não resultaram numa redinamização da equipa, porque o problema, sendo global, tem a ver, também, com a quebra de ‘forma’ (física e mental) de alguns jogadores, entre os quais os casos mais evidentes são os de Ferro, Grimaldo e Pizzi, sendo que — tirando o caso de Vlachodimos, verdadeiro ‘abono de família’ da equipa — todos os outros revelam inconsistências várias.
Ainda com RDT, Bruno Lage fez experiências atrás de experiências, como se estivesse num laboratório de química, dia e noite, à procura da fórmula ideal para conseguir a melhor combustão ofensiva. Parece tê-la encontrado com Rafa e Vinicius — e com Cervi à esquerda; solucionado esse problema, com a contratação de Weigl e as garantias dadas por Gabriel, o Benfica parecia destinado a fazer uma equipa muito forte para ‘atacar’ todas as frentes.
A verdade, porém, é que — por razões clínicas e oftalmológicas — Gabriel deixou de contar (Fejsa e Gedson já se tinham ido embora) e então começaram novos serões laboratoriais, na procura da fórmula químico-futebolística capaz de proporcionar a melhor ‘faísca’ defensiva, mas também a ligação para os criativos da frente. Toda a gente percebe que a estabilidade dinâmica depende da conciliação dos diversos sectores de uma equipa, das compensações e das ações concertadas entre laterais e médios interiores; quanto melhor os treinadores tratarem as partes, melhor será o todo. Mas é o todo que, em cada jogo, é testado — e esse todo no Benfica não está a funcionar.
Sem Gabriel no lote de opções para a dupla de médios, restam Florentino, Weigl e Samaris. Pensava-se que, à razão de 20M€, Weigl iria fazer com Gabriel uma dupla de betão, mas no futebol as coisas são como são: Weigl ainda não se impôs totalmente e Gabriel deixou de contar. De repente, algo que era uma solução tornou-se num problema. Na Ucrânia, por força do castigo do médio germânico, jogaram Florentino (dois meses ausente da equipa principal) e Taarabt.
Esta ideia do ‘superTaarabt’ também me parece excessiva.
Se juntarmos a uma opção ela própria a transportar o seu próprio estigma (longa ausência de Florentino) as alterações que Bruno Lage produziu, na constituição e nas movimentações, havia fortes possibilidades de as coisas não correram bem. E não correram. O resultado deixa tudo em aberto e, no âmbito da eliminatória, abre esperanças de apuramento. Mas o problema é o nível de rendimento e o futebol (não) jogado. Com o FC Porto, duas vezes com o Famalicão, com o Braga e com a B, SAD. Lage não está em boa forma: no Dragão foi um desastre e, genericamente, no último mês e meio pareceu sempre algo perdido. E há uma coisa que não se entende: relegar Samaris para a condição de ‘patinho feio’.
"Patinho feio", porquê? Foi com Samaris que o Benfica desenvolveu uma das suas melhores faces com Bruno Lage, não apenas por força do acrescento de dinâmicas positivas, mas sobretudo pelo compromisso. Não há jogador que se comprometa mais e, com Samaris a ser permanentemente relegado, aquela entrada, na Ucrânia, aos 90+2 minutos, se não foi castigo, pareceu. Não sei qual é o defeito de Samaris e não merece ser tratado como proscrito. Vale como jogador e vale como ‘alma’ (do Benfica).
O CACTO - Marega e o país
Manifestações de racismo são manifestações de racismo — e imitar o som de macacos é uma manifestação de racismo. Ponto. Intolerável. Irrelativizável.
Não se teria passado nada, contudo, se Marega — ferido na sua dignidade — não tem tomado a decisão de abandonar o campo.
Não foi ‘o país’ que defendeu Marega. Foi Marega quem se defendeu a si próprio. Foi Marega quem se defendeu do país. Porque durante anos e durante décadas, ‘o país’ nunca se inquietou, na sua expressão política e comunicacional, perante dezenas, centenas e milhares de situações idênticas, ocorridas em recintos desportivos. Na divisão principal e nos escalões secundários. No futebol profissional e no futebol não profissional. Também nos pavilhões. Mas também nas ruas, nas famílias e nos empregos. A hipocrisia andou de mãos dadas com a revolta.
Cada manifestação de racismo devia ser acompanhada de um protesto colectivo. As vítimas de racismo deviam fazer, todas, como Marega. Abandonar (o palco — seja ele um relvado, um asfalto ou um sobrado).
Fez mal ‘o país’ em se manifestar da maneira que se manifestou no apoio a Marega? Não. Fez bem.
Este país, contudo tão normalmente silencioso e passivo contra o mesmo ou outro tipo de crimes, no desporto ou fora dele é o mesmo país que não se convoca para condenar todo o tipo de abusos e excessos, principalmente no incitamento ao ódio entre adversários. Quem se manifestou para impedir que os habituais fautores e instigadores de ódio se colocassem, agora, na primeira fila dos centuriões?…
O gesto de Marega só terá significado se houver consequências e ‘o país’, este país, perceber que não se pode pactuar com nenhum tipo de violência — e isso muitos continuam a desprezar, parecendo heróis.
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