Um vendaval.
No final do mês de Fevereiro, não há uma única equipa portuguesa nas competições europeias. E, se a eliminação da Champions não representa qualquer surpresa, face às diferenças que se estabelecem entre os principais emblemas do futebol europeu, o afastamento de todos os conjuntos portugueses da Liga Europa não deveria deixar de fazer soar as campainhas.
No final do mês de Fevereiro, não há uma única equipa portuguesa nas competições europeias. E, se a eliminação da Champions não representa qualquer surpresa, face às diferenças que se estabelecem entre os principais emblemas do futebol europeu, o afastamento de todos os conjuntos portugueses da Liga Europa não deveria deixar de fazer soar as campainhas.
Contudo, após uns artigos que se vão escrever e uns debates que se vão seguir nos próximos dias, o essencial não mudará: poucos são aqueles que, agarrados às suas quintinhas e mordomias e aos seus grandes e pequenos poderes, farão alguma coisa para olhar menos para a árvore e mais para a floresta.
No futebol, às vezes, há situações de superação ou de insuperação que fogem às dinâmicas da consistência. No caso da eliminação de todas as equipas portugueses das competições europeias, ela acontece num momento em que a consistência maior se relaciona com o ambiente de desagregação e de conflitualidade institucional entre os nossos principais emblemas.
Está na cara de toda a gente, mas quem pode reconhecer os erros de anos a fio — agarrados às vantagens que granjearam no passado — não o faz. Porque o sistema em geral, no qual se enquadra o sistema de comunicação dos próprios clubes, que pesa toneladas e só deixa passar aquilo que é conveniente para a salvaguarda da imagens das instituições e dos seus líderes, está viciado.
Viciado, porquê? O sistema beneficia ‘dois clubes e meio’ — Benfica, FC Porto e… Sporting (em meia dose) — e tudo o resto são cantigas. O próprio SC Braga, que se desunha para tentar encontrar o seu espaço de afirmação, dá-nos sinal de que não pode combater aqueles que, aqui e ali, gostam de se fazer passar por seus padrinhos. As independências e as autonomias não passam de estados de alma, porque no fundo o sistema não as consente e, na prática, valem muito pouco.
Se repararem bem, tudo o que tenha a ver com decisões tomadas por órgãos formalmente independentes e que não sejam convenientes aos clubes que se viciaram no protesto, no recurso e nas mais imaginativas construções de repúdio, o mecanismo é sempre o mesmo: toca a usar a betoneira para se despejar o betão sobre quem tem a ousadia de produzir decisões (mesmo que sustentadas) contra ‘os nossos interesses’. Este é um vício cuja dimensão não tem paralelo na Europa, talvez só ao nível das grécias. Mas se tudo é posto em causa, os governos (que se colocam a jeito), os tribunais, a comunicação social, como não colocar em causa tudo o que tenha a ver com decisões que emanam do próprio movimento associativo e dos seus órgãos jurisdicionais?
Faz algum sentido que a esmagadora maioria dos clubes profissionais portugueses esteja completamente dependente das bolsas de opinião fomentadas dentro e na periferia dos chamados clubes ‘grandes’? Faz algum sentido a inexistência de um esforço colectivo, ao nível da distribuição das receitas, para desagravar o fosso enorme que existe para os clubes médios e pequenos? Não faz, mas quem fomenta a situação dominante de desequilíbrio acha-se sempre mais forte. Isso já nem é verdade a nível nacional e, internacionalmente, a nível da competição inter-clubes, é o que se vê.
É um problema antigo, que se agravou nos últimos tempos, porque o foco está colocado nas questões laterais e na espúria rivalidade. Tudo serve para estigmatizar o que ainda existe de anti-seita. É este conceito de seita, de não olhar para os próprios erros e não haver preocupação sobre o negócio que deveria ser cuidado de todos para todos e não apenas de uns para alguns, que está a arruinar o futebol português.
Temos problemas de representatividade (ética).
Temos problemas de competitividade.
Temos problemas de mentalidade.
Temos problema de funcionalidade.
Temos problemas de credibilidade.
O futebol português tem dado mais força aos figurantes e aos parasitas do que propriamente àqueles que poderiam e deveriam concentrar as energias para atacar os problemas reais.
Enquanto for assim, enquanto não houver uma mobilização colectiva para melhorar a competitividade média da Liga Portuguesa (futebol mais intenso e menos posicional), a Europa ficará cada vez mais longe. E começa a ser claro que, ou por problemas de gestão ou por problemas na área da intermediação (não quero pensar noutro tipo de problemas… marginais), as equipas portuguesas já souberam comprar mais e melhor.
No futebol, às vezes, há situações de superação ou de insuperação que fogem às dinâmicas da consistência. No caso da eliminação de todas as equipas portugueses das competições europeias, ela acontece num momento em que a consistência maior se relaciona com o ambiente de desagregação e de conflitualidade institucional entre os nossos principais emblemas.
Está na cara de toda a gente, mas quem pode reconhecer os erros de anos a fio — agarrados às vantagens que granjearam no passado — não o faz. Porque o sistema em geral, no qual se enquadra o sistema de comunicação dos próprios clubes, que pesa toneladas e só deixa passar aquilo que é conveniente para a salvaguarda da imagens das instituições e dos seus líderes, está viciado.
Viciado, porquê? O sistema beneficia ‘dois clubes e meio’ — Benfica, FC Porto e… Sporting (em meia dose) — e tudo o resto são cantigas. O próprio SC Braga, que se desunha para tentar encontrar o seu espaço de afirmação, dá-nos sinal de que não pode combater aqueles que, aqui e ali, gostam de se fazer passar por seus padrinhos. As independências e as autonomias não passam de estados de alma, porque no fundo o sistema não as consente e, na prática, valem muito pouco.
Se repararem bem, tudo o que tenha a ver com decisões tomadas por órgãos formalmente independentes e que não sejam convenientes aos clubes que se viciaram no protesto, no recurso e nas mais imaginativas construções de repúdio, o mecanismo é sempre o mesmo: toca a usar a betoneira para se despejar o betão sobre quem tem a ousadia de produzir decisões (mesmo que sustentadas) contra ‘os nossos interesses’. Este é um vício cuja dimensão não tem paralelo na Europa, talvez só ao nível das grécias. Mas se tudo é posto em causa, os governos (que se colocam a jeito), os tribunais, a comunicação social, como não colocar em causa tudo o que tenha a ver com decisões que emanam do próprio movimento associativo e dos seus órgãos jurisdicionais?
Faz algum sentido que a esmagadora maioria dos clubes profissionais portugueses esteja completamente dependente das bolsas de opinião fomentadas dentro e na periferia dos chamados clubes ‘grandes’? Faz algum sentido a inexistência de um esforço colectivo, ao nível da distribuição das receitas, para desagravar o fosso enorme que existe para os clubes médios e pequenos? Não faz, mas quem fomenta a situação dominante de desequilíbrio acha-se sempre mais forte. Isso já nem é verdade a nível nacional e, internacionalmente, a nível da competição inter-clubes, é o que se vê.
É um problema antigo, que se agravou nos últimos tempos, porque o foco está colocado nas questões laterais e na espúria rivalidade. Tudo serve para estigmatizar o que ainda existe de anti-seita. É este conceito de seita, de não olhar para os próprios erros e não haver preocupação sobre o negócio que deveria ser cuidado de todos para todos e não apenas de uns para alguns, que está a arruinar o futebol português.
Temos problemas de representatividade (ética).
Temos problemas de competitividade.
Temos problemas de mentalidade.
Temos problema de funcionalidade.
Temos problemas de credibilidade.
O futebol português tem dado mais força aos figurantes e aos parasitas do que propriamente àqueles que poderiam e deveriam concentrar as energias para atacar os problemas reais.
Enquanto for assim, enquanto não houver uma mobilização colectiva para melhorar a competitividade média da Liga Portuguesa (futebol mais intenso e menos posicional), a Europa ficará cada vez mais longe. E começa a ser claro que, ou por problemas de gestão ou por problemas na área da intermediação (não quero pensar noutro tipo de problemas… marginais), as equipas portuguesas já souberam comprar mais e melhor.
O panorama é negro, mas vão continuar a assobiar, acreditem. Até não haver mais terra para queimar.
JARDIM DAS ESTRELAS - A luz no túnel
Enquanto as equipas portuguesas deixam de jogar, em Fevereiro, nas competições europeias, temos um Cristiano Ronaldo incapaz de se conformar e de se reformar; temos Diogo Jota e Rúben Neves a marcar golos; temos Jorge Jesus a afirmar-se como papa-títulos no Brasil e temos um conjunto alargado de jogadores e treinadores a demonstrar que são capazes de dar respostas… Continuo a pensar que Portugal é, em proporcionalidade, um fenómeno à escala mundial. Poderia ser um super-fenómeno se, em contraponto, não cultivasse um conjunto de bizarrias internas, que começam na obsessão de controlar tudo e todos e não respeitando ninguém, nem a própria sombra. O que se passa em Portugal é ultrajante, mas o que mais choca é a impunidade e a consagração da ideia de que os heróis devem ser os controladores do submundo. A quantidade invulgar de fazedores de heróis é perturbante. E por isso o futebol português está como está. Agarrado ao ruído e nas mãos dos parasitas e figurantes que alimentam e engordam os (falsos) heróis.
O CACTO - Só se for na Cochinchina
O afastamento das equipas portuguesas das provas europeias é um problema bem mais profundo, mas nesta eliminatória os respectivos treinadores cometeram muitos erros:
RÚBEN AMORIM - Cotação em alta, perfil elogiado sem favores, mas a falta de maturidade também se viu nos dois jogos frente ao Rangers. O que é… natural!
SÉRGIO CONCEIÇÃO - Não merece a situação que se construiu à sua volta, o Bayer é melhor, mas as opções que fez não resultaram.
JORGE SILAS - Fica difícil explicar como é que a equipa se equilibra nos últimos jogos e depois é o próprio treinador a promover os desequilíbrios. Inaceitável.
BRUNO LAGE — Disse que, frente ao Shakhtar, se viu um ‘Benfica à Benfica’. Onde? Na Cochinchina? As alterações permanentes e a falta de consistência estão na base de tudo. Errático.
JARDIM DAS ESTRELAS - A luz no túnel
Enquanto as equipas portuguesas deixam de jogar, em Fevereiro, nas competições europeias, temos um Cristiano Ronaldo incapaz de se conformar e de se reformar; temos Diogo Jota e Rúben Neves a marcar golos; temos Jorge Jesus a afirmar-se como papa-títulos no Brasil e temos um conjunto alargado de jogadores e treinadores a demonstrar que são capazes de dar respostas… Continuo a pensar que Portugal é, em proporcionalidade, um fenómeno à escala mundial. Poderia ser um super-fenómeno se, em contraponto, não cultivasse um conjunto de bizarrias internas, que começam na obsessão de controlar tudo e todos e não respeitando ninguém, nem a própria sombra. O que se passa em Portugal é ultrajante, mas o que mais choca é a impunidade e a consagração da ideia de que os heróis devem ser os controladores do submundo. A quantidade invulgar de fazedores de heróis é perturbante. E por isso o futebol português está como está. Agarrado ao ruído e nas mãos dos parasitas e figurantes que alimentam e engordam os (falsos) heróis.
O CACTO - Só se for na Cochinchina
O afastamento das equipas portuguesas das provas europeias é um problema bem mais profundo, mas nesta eliminatória os respectivos treinadores cometeram muitos erros:
RÚBEN AMORIM - Cotação em alta, perfil elogiado sem favores, mas a falta de maturidade também se viu nos dois jogos frente ao Rangers. O que é… natural!
SÉRGIO CONCEIÇÃO - Não merece a situação que se construiu à sua volta, o Bayer é melhor, mas as opções que fez não resultaram.
JORGE SILAS - Fica difícil explicar como é que a equipa se equilibra nos últimos jogos e depois é o próprio treinador a promover os desequilíbrios. Inaceitável.
BRUNO LAGE — Disse que, frente ao Shakhtar, se viu um ‘Benfica à Benfica’. Onde? Na Cochinchina? As alterações permanentes e a falta de consistência estão na base de tudo. Errático.
Sem comentários:
Enviar um comentário