sábado, 2 de maio de 2020

O SENHOR SHÉU DO BENFICA

Se há pessoa que eu sempre admirei no futebol português, essa pessoa é o Senhor Shéu Han. 

Além de ter sido um excelente futebolista, foi também um excelente dirigente. Um homem daqueles em que não se pode apontar nada de mal. Como futebolista já era de uma enorme fineza e como dirigente continuou assim. 

Em baixo, alguns vídeos, sendo que, o primeiro é uma recente entrevista. Os restantes, são a história de vida do enorme Shéu Han. Deixo também um post no final com mais detalhes sobre o mesmo.

Pertenceu aos quadros do Benfica durante 48 anos seguidos, sempre no activo, acualmente está mais na rectaguarda mas sempre junto do clube que sempre amou.  



Homenagem da CCPM – Shéu Han
“Um homem simples que durante 48 anos serviu o Benfica”
Toni, Veloso, Gaspar Ramos e Quim não poupam nas palavras elogiosas ao até este sábado diretor técnico das águias, que alcançou 46 troféus ao serviço dos encarnados. Conheça a história de Shéu neste perfil publicado em maio de 2017.
Foram 48 anos ao serviço do Benfica e, segundo Gaspar Ramos, o homem responsável por este período duradouro – Shéu Han – é “um achado”.
Este elemento da estrutura do Benfica, como team manager, que assumiu as funções de secretário técnico em 1989, logo quando deixou de jogar, pouco ou nada costuma dar nas vistas. A discrição é, passe o paradoxo, a sua característica mais visível, mas poucos se esquecem da maneira como festejou com Luisão no relvado da Luz após a obtenção do inédito tetracampeonato – “sinal da cumplicidade e do respeito do plantel personificado no capitão Luisão”, explica Toni. Ganhar não é uma palavra vã para Shéu, que, como jogador e elemento da estrutura, tem no currículo 17 campeonatos, onze Taças de Portugal, onze Supertaças e sete Taças da Liga, para não falar de cinco finais europeias, tendo apontado um golo diante do Anderlecht na final perdida para os belgas em 1983.

Nas meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus; FC Steaua Bucareste.
Pois bem, o antigo médio, nascido em Moçambique, mal chegou a Portugal, em 1970, cumpriu o que restava da sua formação e na Luz teve colegas ilustres como Eusébio, Simões, Toni, Vítor Baptista, entre outros. Quem o viu jogar lembra-se dos seus pés de veludo, da ordem que dava ao jogo da sua equipa e do sentido prático em cada intervenção. Com o seu rigor e profissionalismo chegou a capitão e quando se preparava para fazer a transição de jogador para treinador… foi surpreendido.
Queria ser treinador
“Foi o senhor Gaspar Ramos que o convidou, porque o conhecia e sabia que a sua personalidade refletia o que ele era como jogador: eficiência e rigor”, diz ao DN Toni, que foi colega de Shéu e depois ainda trabalhou com o agora operacional na condição de treinador.
“Ele era o capitão, um moço muito qualificado, e eu precisava de um secretário que fosse conhecedor e me ajudasse. Ele ficou surpreendido porque tinha a ideia de ser treinador, porque era um pensador, com um nível cultural acima da média na sua classe. E teria sido um bom treinador, mas ele pesou a estabilidade familiar e também não tinha uma ambição desmedida. Disse-me que ia pensar e depois aceitou. Foi uma ajuda espetacular no relacionamento com os jogadores, no controlo da cabina. Resolvia tudo, ninguém tinha de se preocupar quando as coisas estavam entregues ao Shéu, que nas situações mais complicadas fazia as pontes necessárias ao reequilíbrio da cabina. O Shéu foi um achado e, no dia em que sair, o Benfica terá não uma grande, mas uma enorme perda. Nenhum clube tem uma pessoa como o Shéu”, realça Gaspar Ramos.
De um ano para o outro, Shéu deixava de ser colega para fazer parte de um organigrama em que estava acima hierarquicamente dos seus antigos companheiros. Mas isso não foi um problema.
“Lembro-me bem da mudança e ele manteve a sua forma de ser. Olhávamos para ele com a mesma confiança, mas olhávamos noutra perspetiva e sem brincarmos tanto, e acho que ele apreciava isso”, refere Veloso, que tem uma frase curiosa para ilustrar o seu antigo colega. “O Shéu deve ser o único jogador de que não tenho histórias para contar porque ele sempre foi uma pessoa reservada. Não falava muito e estava sempre com muita atenção. Às vezes brincávamos e dizíamos “hoje há aqui uma pessoa que ainda não falou”, e ele ria-se. Mas quando era necessário falava, e bem. Nas brincadeiras de balneário ele não entrava, estava sempre alheio, mas chamava a atenção quando achava que ultrapassávamos um limite. O Shéu é fantástico e com os títulos todos que ganhou até merecia uma estátua”, sustenta Veloso.
Se Veloso conheceu as duas facetas de Shéu, o guarda-redes Quim, que esteve seis anos no Benfica, recorda o “senhor Shéu”. Os anos de intervalo são bastantes, mas os elogios não diferem muito.
“Ele fala pouco, mas quando fala todos se calam. As pessoas não fazem ideia, mas a importância da palavra dele é essencial para o rendimento do jogador. Os ensinamentos, a mística que nos transmite através das histórias e de dificuldades que passou. As pessoas veem-no como secretário técnico que só aparece quando vai ao quarto árbitro na altura da substituição, mas ninguém imagina a pessoa fabulosa que ele é, a sua importância, o respeito que os treinadores lhe têm devido ao seu passado. A simplicidade é o seu ponto mais forte”, descreve o guardião, ainda ao serviço do Desportivo das Aves.
Aliás, o desafio do DN foi perguntar aos quatro interlocutores se alguma vez tinham visto Shéu zangado e todos responderam negativamente mas com algumas ressalvas. “O Shéu para se zangar é preciso as coisas chegarem ao extremo. Para lá do jogador há o homem, e ele quando não está de acordo vinca as suas ideias até porque a paciência de chinês também se esgota”, salienta Toni, numa ideia complementada por Veloso: “Quando ele se zangava notava-se na expressão.” Já Gaspar Ramos, que o convenceu em 1980 a permanecer na Luz apesar de ter um convite do Sporting, é mais eloquente: “Aquilo que diz vem do coração, ele não tem inimigos, pessoas como o Shéu já não existem.”
Shéu Han despediu-se em julho de 2018, do cargo de secretário técnico, uma decisão que partiu do próprio, que a partir de agora irá assumir outras funções na Luz, que ainda não foram especificadas.
Foi como jogador que Shéu entrou na Luz em 1970 e passaram 48 anos, durante os quais foi capitão, treinador e elemento do staff do futebol encarnado.
No momento de deixar o cargo, Shéu foi homenageado no balneário dos encarnados, com o diretor desportivo Rui Costa a agradecer “tudo aquilo” que deu à equipa ao longo dos últimos anos. O capitão Luisão também usou da palavra, com emoção: “Penso em mística, eu penso em tudo o que o senhor fez por nós. O senhor faz parte dessa história do Benfica.”daqui


 

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