sexta-feira, 15 de maio de 2020

SPORTING 3 BENFICA 0

Fez ontem 26 anos sobre um dos jogos mais marcantes da história do Benfica para o campeonato.
Em baixo uma entrevista com Toni e o resumo desse jogo épico.




Deixar Rui Costa no banco no triunfo por 6-3 diante do Sporting foi uma decisão que marcou Toni, reconheceu o antigo treinador do Benfica, que enfrentou a discordância do seu adjunto e a mágoa do futebolista.
"A decisão do Rui é daquelas que mais me marcaram na carreira de treinador (...). E o Rui não me perdoa nunca o facto de nesse dia ter jogado apenas os últimos 20 minutos do jogo", revelou o treinador à agência Lusa.
Após 25 anos, o dérbi da 30.ª jornada do campeonato de 1993/94, disputado em 14 de maio de 1994, permanece na memória dos adeptos, pela diferença do resultado e pela superioridade na vitória dos encarnados, que abriu o caminho para o título do Benfica.

Rui Costa, que na época seguinte sairia para a Fiorentina, já mostrava a excelência que o consagrou em Itália, mas foi sacrificado por Toni num dos mais importantes dérbis da história entre Benfica e Sporting.

Para o treinador, a explicação para deixar o maestro no banco é simples: precisava de "equilibrar a equipa".

"Se eu jogasse com Vítor Paneira, com Rui Costa, e mais os três avançados que tinha, que eram de vocação não muito defensiva, ficava demasiado exposto para um jogo que teria de equilibrar a equipa em termos defensivos", justificou.

Toni ainda hoje explica que o jogo iria falar com ele e, por isso, saberia o que fazer, optando por não colocar o médio internacional português, até em oposição àquilo que Jesualdo Ferreira, então seu adjunto, defendia, com os dois em desacordo.

"O Jesualdo queria o Rui no 'onze' e eu argumentava, de uma forma sustentada. Era um trunfo, um joker para jogar. Aqueceu logo quando estava 2-1 [com o Benfica em desvantagem], em termos estratégicos, o jogo podia falar comigo e dar outra nuance", explicou.

A preparação durante a semana tinha sido clara, com Toni a colocar Rui Costa a fazer de Balakov nos treinos, optando antes por jogar mais à frente com Ailton, Isaías e João Vieira Pinto, à frente dos médios Vítor Paneira, Schwarz e Abel Xavier.


Na entrevista à Lusa, Toni aproveitou para elogiar Jesualdo Ferreira, com quem viveu uma verdadeira simbiose no Benfica nos títulos de 1988/89 e 1993/94, como um "dos grandes treinadores" portugueses.

"Fizemos uma dupla de sucesso no Benfica (...). Discutíamos na preparação dos jogos e havia divergências em relação a esse jogo, eu ouvia sempre e depois decidia, e não estávamos de acordo nesse dia, como em outros dias, mas sempre com o objetivo de ganhar", assinalou.

Rui Costa acabou por entrar a 19 minutos do final, ainda a tempo do Benfica fazer o 6-2, numa jogada desenhada entre Vítor Paneira e Hélder, com golo deste último, aos 74 minutos.

Toni e a vitória por 6-3 no dérbi de 1994: «O Benfica partiu para esse campeonato como outsider»

João Vieira Pinto foi o herói de um campeonato e de uma noite cinzenta de maio de 1994 que praticamente deu o título de campeão de futebol ao Benfica, numa época em que o clube era quase um outsider.

"Vínhamos de um empate em casa com o Estrela da Amadora (1-1), as nuvens até estavam negras, o próprio dia estava cinzento, de muita chuva, e o Sporting tinha uma grande equipa. O Benfica, quando parte para esta época, parte quase como um outsider (...). Se quisermos fazer uma analogia com a Fórmula 1, estávamos na terceira posição", lembrou Toni, então o treinador do Benfica, em entrevista à agência Lusa.
A cinco jornadas do final, as atenções estavam no dérbi com o rival de sempre, em jogo de importância capital para os dois emblemas, separados apenas por um ponto, e antes de uma visita dos encarnados ao velho Estádio José Alvalade, em 14 de maio de 1994.

O capitão Jorge Cadete deu vantagem ao Sporting, aos oito minutos, João Vieira Pinto ripostou, aos 30, e Luís Figo voltou a colocar os leões na frente. A vantagem do Sporting durou dois minutos: o menino de ouro empatou e chegou depois ao hat-trick, concretizando a reviravolta antes do intervalo.

Na segunda parte, o bombardeiro Isaías bisou, aos 48 e 57, e Hélder assinou o sexto, aos 74, antes de Balakov reduzir, na conversão de uma grande penalidade, aos 80.

O 6-3 final tornou-se num dos resultados mais evocados desde então nos argumentos e discussão entre adeptos dos dois clubes.

O triunfo coroou as águias, que se sagrariam campeãs três jornadas mais tarde, num período de rivalidade mais acesa do que nunca: a pré-época vira o Benfica afogado em problemas de ordem financeira e o Sporting, com Sousa Cintra na presidência, tinha desferido dois golpes no rival, a quem foi 'tirar' Paulo Sousa e Pacheco, que alegaram justa causa para rescindirem.

"Foi muito desgastante para o Benfica, houve mudanças de direção, meses de salários em atraso, em que lhes dizia que o Benfica era um clube sério. (...) Ao ganhar esse jogo, eles sabiam, que tinham dado um passo de gigante para serem campeões", lembrou o ex-treinador dos encarnados.

No lado oposto, Toni recorda nos leões jogadores como Luís Figo, Balakov, Juskowiak, Paulo Sousa ou Pacheco, e mesmo "um FC Porto fortíssimo", com Vítor Baía, Fernando Couto, Timofte, Drulovic e Kostadinov, que faziam do Benfica o menos favorito dos três grandes.
Para o técnico, com a vantagem de um ponto, o mais natural seria defender a ideia de que um empate poderia servir, mas a noite foi perfeita para os encarnados, de nota máxima, no que todos sabiam ser o jogo do título.

"Quase que podíamos jogar no X2, mantendo essa diferença de um ponto, estávamos a três, quatro jornadas, do fim, mas ganhando as portas do título ficavam escancaradas e foi isso que aconteceu", rematou.

A quatro jornadas do fim do campeonato, numa altura em que as vitórias valiam dois pontos, o Benfica passou a contar 49, mais três do que o Sporting, que ainda viria a ser ultrapassado pelo FC Porto.
daqui


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