sábado, 16 de fevereiro de 2019



O Sporting perde em Alvalade com o Villarreal e vai ser muito difícil operar a reviravolta em Espanha. O Villarreal não ganhava um jogo há dois meses e não alcançava um triunfo fora de portas há praticamente cinco meses, o que prova a fragilidade actual do adversário dos leões – penúltimo da liga espanhola e, portanto, neste momento em lugar de descida de divisão.
Foi o 21.º jogo de Marcel Keizer como treinador do Sporting e tem neste momento 57% de vitórias – embora com o troféu da Taça da Liga conquistado –, cuja média é inferior às de José Peseiro (com menos jogos) e Jorge Jesus (com muitos mais jogos), ambas a cifrarem-se nos 64%.

Marcel Keizer foi, como se sabe, uma aposta de risco. Uma aposta assumida por Frederico Varandas, recém-chegado à presidência dos leões e nada convencido com a escolha de Sousa Cintra para fazer face à saída de Jorge Jesus e à entrada de Sinisa Mihajlovic, ambas protagonizadas durante a fase final da presidência de Bruno de Carvalho.

Frederico Varandas, para além de querer um treinador da sua escolha, queria um técnico que mudasse o paradigma do futebol do Sporting: um treinador que fosse capaz de patrocinar um futebol virado para o ataque e, com ele, levar mais público a Alvalade.

Foram colocadas, naturalmente, muitas dúvidas sobre o currículo do técnico holandês e, num ápice, ele consegue dar crédito à agenda e às intenções de Varandas, construindo um ciclo virtuoso de 7 vitórias em 7 jogos – e o Sporting parecia ter-se transformado numa máquina de golos (média superior a 4 golos marcados por jogo). A derrota em Guimarães foi o primeiro sinal de que, crescendo a qualidade dos adversários cresceriam também as dificuldades do Sporting (a excepção fora o Rio Ave, em Vila do Conde), e o desaire em Tondela, da maneira como aconteceu, estabelecia então o choque incontornável entre a questão conceptual e a questão mais prosaica do rendimento em campo.

Começaram então a surgir não apenas as ‘50 sombras de Keizer’, mas também todas as questões a emergir da realidade do futebol do Sporting e que foram sendo camufladas por uma gestão racional e equilibrada de José Peseiro, não obstante os défices que, naturalmente, se poderiam identificar à superfície dessa realidade, algumas das quais relacionadas, também, com a liderança técnico-táctica, não muito do agrado do presidente Varandas.

O estado de graça de Keizer levou um safanão em Guimarães, mas perdeu-se de facto em Tondela. Porque (na altura) um ‘candidato ao título’ não pode perder como o Sporting perdeu em Tondela. A seguir veio o jogo com o FC Porto em Alvalade, durante o qual o Sporting conseguiu, aqui e ali, e genericamente, bloquear os movimentos do campeão nacional; a conquista da Taça da Liga (dois empates transformados em vitórias, no desempate por pontapés de grande penalidade, perante Sp. Braga e FC Porto) e os leões ou aparavam a juba e continuavam no seu ‘concurso de beleza’ ou caíam no charco da sua realidade mais profunda. Em abono da verdade, não constitui grande surpresa quando, primeiro no Bonfim e depois no duplo confronto com o Benfica, o Sporting já não conseguiu espetar as garras.

Não foram só os resultados. Foram as exibições. E se, no jogo em Alvalade com o FC Porto, Keizer percebeu que não basta querer jogar ao ataque para se ganhar, adaptando a equipa às realidades da competição e ao perfil do adversário, nos outros jogos a inépcia foi total.

A exibição e o desempenho frente ao Villarreal chegou a ser patético. Patético, porque os jogadores davam a sensação que estavam perdidos no campo, sem nenhuma noção da ocupação de espaços e do equilíbrio que é preciso promover entre os movimentos com bola e as movimentações sem ela. 

É claro que falta muita coisa ao futebol do Sporting. Faltou, primeiro, cérebro (algo que o ex-presidente atirou para uma bacia de ácido) e, sem cérebro, para reanimar um corpo e dar-lhe de novo vida (cerebral) não basta estalar os dedos. A realidade do Sporting parece um daqueles puzzles em que faltam sempre peças. Não uma nem duas, mas muitas peças. E, quando se descobre uma, logo se perde outra. É o tal jogo autofágico, de comedores de peças, que o clube de Alvalade se tem vindo a alimentar, provocando ao leão sucessivas péssimas digestões.

Há muita coisa que falta ao Sporting fora do campo. Mas o que se viu, nos últimos jogos dentro dele, é de uma pobreza enorme. O que significa que, se os leões não conseguirem dar uma resposta capaz frente a um dos seus competidores directos no próximo domingo (Sp. Braga), o Sporting volta a debater-se (entre outros e infindáveis défices) com a falta de… treinador. Não é, Keizer? Não é, Frederico Varandas?

NOTA – A expulsão de Acuña frente ao Villarreal reflecte muito a realidade do futebol do Sporting: falta de mentalidade e responsabilidade para representar o clube de Alvalade. A falta de exigência e, às vezes, a falta de vergonha. São muitas faltas e são muitas as hienas-leoninas à espera que a carne apodreça. Com ou sem filtro.

* Texto escrito com a antiga ortografia


JARDIM DAS ESTRELAS -- 4 ESTRELAS

‘Benfica-chucha’
de ‘SpeciaLage’


O Benfica ainda não tinha vencido na Turquia até à passada quinta-feira. Fê-lo com um novo treinador, que já é uma espécie de ‘SpeciaLage’, não pelas conquistas e pelo currículo mas por aquilo que, em tão pouco tempo, conseguiu construir dentro da equipa encarnada, e fê-lo com uma nova equipa, introduzindo-lhe no onze titular seis ‘bebés do Seixal’. À partida, a ideia de desvalorizar este jogo da Liga Europa seria legítima, porque o futebol apela, em tese, a que joguem sempre os melhores, ao grau de preparação dos jogadores, que precisam de minutos de competição para evidenciarem as suas melhores qualidades, e às rotinas e mecânicas colectivas que se adquirem com o jogo e o entrosamento dinâmico. A ‘operação-Instambul’ provou que o futebol está sempre a contrariar princípios metodológicos e científicos e o ‘Benfica-chucha’, com os seus ‘Florentinos do Seixal’, mesmo sem rotinas adquiridas, tiveram um comportamento competitivo muito interessante, e isso só pode ter a ver, não apenas com a qualidade dos executantes, mas com os princípios passados pelo treinador Lage (‘SpeciaLage’, neste sentido) nos treinos e nos jogos. E, de facto, não é preciso nada de muito especial: apostas e mensagens claras – trabalho sério. Muito bem, Lage, que pode estar muito perto de ganhar o… ‘euromilhões".


O CACTO

… Mas alguém
tem dúvidas?!


Há coisas tão simples de resolver que levam uma eternidade, em Portugal e no futebol português, por causa das diligencias intermináveis, da permissividade que permite recursos para tudo e mais alguma coisa, não porque as matérias o justifiquem mas para – através dessas manobras dilatórias – alimentar a circocracia do pontapé na bola e a não assumpção de responsabilidades…
… Mas alguém neste país tem dúvidas (como não tem a acusação deduzida) que o Benfica tinha conhecimento da actividade das claques No Name Boys e Diabos Vermelhos?!… Não se brinque com coisas sérias.
Artigo de Rui Santos no Jornal Record.

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