O clássico de amanhã visto por um sportinguista:
Há algo essencial antes de qualquer embate, sobretudo num clássico. O estado moral das tropas. O Porto lidera a tabela e tem oito pontos de vantagem sobre o adversário. Vem a Alvalade tranquilo pois tem a certeza que, mesmo em caso de derrota, continuará a olhar todos os outros de posição cimeira. Soma-se a este facto, a fase de vitórias sucessivas que é "record" e uma união de aço do grupo de trabalho reforçada com o discurso vibrante e de enorme empatia com os portistas, que confiam plenamente no sangue e alma de campeão de Sérgio Conceição.
O Sporting, depois do excepcional arranque de Marcel Keizer, dos melhores de sempre da história do clube, benzido com muitos golos, futebol atractivo e dominador, ancorado num discurso civilizado, tranquilo, positivo do holandês, sofreu um forte abalo na sua confiança após a derrota de Tondela, onde era obrigatório vencer para não tornar determinante para esta época o confronto com o Porto. Keizer afirmou que em Março ou Abril iria ver onde podia chegar, porém, o jogo de sábado, finalmente a horas decentes, é decisivo para os leões. E não é criar pressão, pois um clube grande como o Sporting Clube de Portugal tem de conviver diariamente com ela. Só os pequenos, os que não estão habituados a andar lá em cima, é que vacilam quando sentem pressão. Os colossos respiram-na, está no seu código genético.
Tenho a mesma visão de Jorge Jesus. O principal candidato é sempre o campeão da época transacta. E o dragão não tem decepcionado os seus adeptos, sente-se a voracidade das aves de rapina por mais um título, foi essencialmente esta vertigem a mentalidade que Sérgio Conceição trouxe de novo, após atravessarem um deserto em que nenhum troféu entrou no museu. Um plantel forte recheado de grandes jogadores, com defesa sólida - excepcionais Eder Militão e Alex Telles – e ainda mais segura com um homem que está aí para as curvas, central de classe mundial que tanto tem dado a Portugal, Pepe. Um 6 mais que fiável, Danilo Pereira, uma casa das máquinas de alta voltagem, um mágico que será uma enorme perda para o futebol português se decidir partir como se adivinha, Brahimi, e dois bichos poderosíssimos no ataque, Marega e Soares. É uma armada temível, não invencível, mas que põe em sentido qualquer um.
Do outro lado, que não se iludam os sportinguistas, a esquadra construída e deixada por Sousa Cintra e José Peseiro não tem a mesma artilharia e consistência. Um plantel desequilibrado, dependente da classe de Bruno Fernandes e do poder de fogo de Bas Dost. O factor surpresa de Marcel Keizer já foi identificado, o jogo interior é facilmente manietado, o processo defensivo é débil e os laterais são uma dor de cabeça. O Sporting, com a excepção do Vorskla Poltava, encaixou sempre golos e enquanto o holandês dizia que preferia ganhar por 3-2 do que por 1-0, ouviu a resposta do treinador português, em subtil "mind game", que não se importava de vencer 1-0, pois «não sofrer golos é a base de uma vitória». A máquina goleadora leonina emperrou, tal como a qualidade de jogo, trazendo um novo cepticismo à maioria dos adeptos. Nos azuis e brancos reina o optimismo. É um choque de titãs em que o Sporting, se não ganhar, pode dizer adeus já em Janeiro ao título que a melhor massa associativa do mundo merece há muito tempo.
Artigo de opinião de Rui Calafate no Jornal Record O Sporting, depois do excepcional arranque de Marcel Keizer, dos melhores de sempre da história do clube, benzido com muitos golos, futebol atractivo e dominador, ancorado num discurso civilizado, tranquilo, positivo do holandês, sofreu um forte abalo na sua confiança após a derrota de Tondela, onde era obrigatório vencer para não tornar determinante para esta época o confronto com o Porto. Keizer afirmou que em Março ou Abril iria ver onde podia chegar, porém, o jogo de sábado, finalmente a horas decentes, é decisivo para os leões. E não é criar pressão, pois um clube grande como o Sporting Clube de Portugal tem de conviver diariamente com ela. Só os pequenos, os que não estão habituados a andar lá em cima, é que vacilam quando sentem pressão. Os colossos respiram-na, está no seu código genético.
Tenho a mesma visão de Jorge Jesus. O principal candidato é sempre o campeão da época transacta. E o dragão não tem decepcionado os seus adeptos, sente-se a voracidade das aves de rapina por mais um título, foi essencialmente esta vertigem a mentalidade que Sérgio Conceição trouxe de novo, após atravessarem um deserto em que nenhum troféu entrou no museu. Um plantel forte recheado de grandes jogadores, com defesa sólida - excepcionais Eder Militão e Alex Telles – e ainda mais segura com um homem que está aí para as curvas, central de classe mundial que tanto tem dado a Portugal, Pepe. Um 6 mais que fiável, Danilo Pereira, uma casa das máquinas de alta voltagem, um mágico que será uma enorme perda para o futebol português se decidir partir como se adivinha, Brahimi, e dois bichos poderosíssimos no ataque, Marega e Soares. É uma armada temível, não invencível, mas que põe em sentido qualquer um.
Do outro lado, que não se iludam os sportinguistas, a esquadra construída e deixada por Sousa Cintra e José Peseiro não tem a mesma artilharia e consistência. Um plantel desequilibrado, dependente da classe de Bruno Fernandes e do poder de fogo de Bas Dost. O factor surpresa de Marcel Keizer já foi identificado, o jogo interior é facilmente manietado, o processo defensivo é débil e os laterais são uma dor de cabeça. O Sporting, com a excepção do Vorskla Poltava, encaixou sempre golos e enquanto o holandês dizia que preferia ganhar por 3-2 do que por 1-0, ouviu a resposta do treinador português, em subtil "mind game", que não se importava de vencer 1-0, pois «não sofrer golos é a base de uma vitória». A máquina goleadora leonina emperrou, tal como a qualidade de jogo, trazendo um novo cepticismo à maioria dos adeptos. Nos azuis e brancos reina o optimismo. É um choque de titãs em que o Sporting, se não ganhar, pode dizer adeus já em Janeiro ao título que a melhor massa associativa do mundo merece há muito tempo.
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