Não é o VAR que está a matar o futebol.
O que está a matar o futebol é o negócio elevado ao extremo.
O que está a matar o futebol é a sofreguidão e a paranóia do lucro pessoal.
A sofreguidão e a paranóia do lucro pessoal fazem com que muitos agentes desportivos, montados na inação, na falta de coragem e na demissão ancestral do poder político, habituados a olhar para o futebol como um recreio e uma forma fácil de alcançar protagonismo, não olhem a meios para atingir os fins.
Há uma tese, mui romântica, segundo a qual o futebol só deveria ser discutido na sua dimensão técnico-desportiva. Seria assim, de facto, se as outras componentes não estivessem a desvirtuar a essência do jogo.
Falar ‘apenas’ do jogo? Mas qual jogo? O jogo condicionado pelos factores externos? O jogo adulterado? O jogo corrompido? O jogo influenciado pela ganância? O jogo alterado pelas fontes de poder?
Sim, sou a favor da discussão do jogo, mas — para se chegar a esse estádio — é preciso mitigar e eliminar a batota e os batoteiros. Trata-se de um combate difícil e que é preciso levar a cabo sem contemplações e o problema é exactamente esse: são demasiados aqueles que continuam a teimar em preservar as raízes empobrecidas do futebol de hoje.
A batota e os batoteiros são como as ervas daninhas. Se não se arrancam pela raiz, elas continuam a crescer e a dominar os relvados e a subverter a verdade desportiva. É isso que queremos? A consagração do ‘jogo sujo’?
Defendi a introdução das novas tecnologias e a figura do videoárbitro no futebol por perceber que era necessário aumentar o escrutínio numa indústria de milhões e que a arbitragem vinha sendo o sector mais vulnerável e susceptível de ser condicionado. Acreditando que era possível passar para outra fase de desenvolvimento do nosso futebol.
Na terceira época com VAR na I Liga, e quando a luta pelo primeiro lugar está ao rubro a 11 jornadas do fim, surgem as críticas do costume ao sector da arbitragem e, agora, da videoarbitragem.
Agora é o VAR, dizem, que está a matar o futebol.
Não, o VAR não está a matar o futebol.
Quem está a matar o futebol é o clubismo desenfreado.
Quem está a matar o futebol são as direcções de comunicação, que não percebem como poderiam ser úteis e não alimentar o ódio, com a conivência presidencial.
Quem está a matar o futebol é esta obsessão de controlo das instituições. As instituições estão doentes e é preciso fazer algumas purgas? Nalguns casos, sim. São inadiáveis. Mas ‘a’ purga não pode ser feita por aqueles que só pensam no proveito próprio. A purga selectiva é tão perigosa quanto a falsa descontaminação.
Quem está a matar o futebol são os dirigentes que não são capazes de fazer autocrítica e passam o dia no ginásio a exercitar o desvio das atenções, através das suas marionetas. O desvio das atenções serve para perpetuar poderes e para não se olhar para o logro de certas gestões.
Quem está a matar o futebol são os comissionistas.
Quem está a matar o futebol são os parasitas que se alimentam da porcaria e são encorajados por quem deveria ter a obrigação de os emagrecer.
Quem está a matar o futebol é quem diz que só os burros falam de arbitragem mas depois vêm falar — sem nenhum tipo de autoridade na matéria sobre os árbitros, ao abrigo da liberdade de expressão.
Sim, Pinto da Costa nunca contribuiu para um futebol limpo. Quer tudo para si, custe o que custar.
Nos antípodas dos interesses de Pinto da Costa, estão o céu e os anjinhos? Não. Luís Filipe Vieira nunca esteve perto de ser o guardião da verdade desportiva —aliás, basta ver a proteção sempre dada a Gonçalves e a Guerra.
As obras de Pinto da Costa e Vieira foram construídas com ‘sangue, suor e lágrimas’, mas nunca se preocuparam com a dimensão ética do futebol e do negócio. E porque estes têm sido os dirigentes dominantes do futebol em Portugal, sobram as quezílias, os discursos incendiados, a intolerância e as figuras manipuladas, em nome de uma suposta paixão clubística. E tudo o mais o que as investigações possam apurar.
O FC Porto vive, com Pinto da Costa, a maior crise da sua história, mas o que interessa é continuar a pressionar os árbitros. Luís Filipe Vieira está atolado nas areias movediças das suspeições processuais, mas o que interessa é não deixar os árbitros em paz. E até Frederico Varandas, até agora ‘bactereologicamente puro’, fecha os olhos ao princípio ético de não tocar, com a época a correr, no treinador do seu competidor directo, esta época.
Não, o VAR não está matar o futebol.
O VAR está a cometer erros, mas muito menos do que aqueles que as comunicações dos clubes apontam. E, se não houvesse VAR, meus amigos, a discussão dos fora-de-jogo não era de centímetros mas de metros ou mesmo ‘quilómetros’. O erro grosseiro diminuiu drasticamente.
Os clubes que lutam pelo título querem controlar as nomeações e o nomeador, os árbitros e a videoarbitragem. Querem ter os seus decisores dentro do campo e/ou na cidade do futebol.
Acreditem: é esta mentalidade que está matar o futebol.
A matar o futebol estão também os elos de ligação que os clubes têm nas televisões. Amplificam os erros. Amplificam as entorses dos adversários. Não são capazes de um esgar de autocrítica ou de uma manifestação de honestidade intelectual.
Nos últimos dias, o presidente do SC Braga — com um histórico também não muito decente nesta matéria — fez uma proposta excelente, e espero que para não ser deixada cair ao mínimo embaraço ou contratempo (ingenuidade?): António Salvador comprometeu-se a não se pronunciar sobre arbitragens e desafiou outros clubes a fazê-lo. A primeira reacção conhecida (Pinto da Costa) não foi muito encorajadora, mas é preciso persistir, porque este combate tem de ser ganho, e nada disto tem a ver com liberdade de expressão, mas com responsabilidade social.
O sistema de VAR precisa de afinações e de um protocolo melhor, mas o futebol não está a morrer por causa do VAR.
O futebol está a sofrer e a morrer porque os dirigentes só pensam em ganhar e fazem tudo para condicionar as decisões. Enquanto não se mudar isto — e António Salvador e a FPF podem ter um papel vital na mudança — não há nada a fazer. E vão continuar a dizer que o VAR está a matar o futebol.
NOTA - Golos, 3 pontos, apuramentos? Nada é mais importante do que o campeonato da vida. E essa urge ganhar. Com responsabilidade. O VAR não tem culpa e é preciso matar o vírus.
daquiO que está a matar o futebol é a sofreguidão e a paranóia do lucro pessoal.
A sofreguidão e a paranóia do lucro pessoal fazem com que muitos agentes desportivos, montados na inação, na falta de coragem e na demissão ancestral do poder político, habituados a olhar para o futebol como um recreio e uma forma fácil de alcançar protagonismo, não olhem a meios para atingir os fins.
Há uma tese, mui romântica, segundo a qual o futebol só deveria ser discutido na sua dimensão técnico-desportiva. Seria assim, de facto, se as outras componentes não estivessem a desvirtuar a essência do jogo.
Falar ‘apenas’ do jogo? Mas qual jogo? O jogo condicionado pelos factores externos? O jogo adulterado? O jogo corrompido? O jogo influenciado pela ganância? O jogo alterado pelas fontes de poder?
Sim, sou a favor da discussão do jogo, mas — para se chegar a esse estádio — é preciso mitigar e eliminar a batota e os batoteiros. Trata-se de um combate difícil e que é preciso levar a cabo sem contemplações e o problema é exactamente esse: são demasiados aqueles que continuam a teimar em preservar as raízes empobrecidas do futebol de hoje.
A batota e os batoteiros são como as ervas daninhas. Se não se arrancam pela raiz, elas continuam a crescer e a dominar os relvados e a subverter a verdade desportiva. É isso que queremos? A consagração do ‘jogo sujo’?
Defendi a introdução das novas tecnologias e a figura do videoárbitro no futebol por perceber que era necessário aumentar o escrutínio numa indústria de milhões e que a arbitragem vinha sendo o sector mais vulnerável e susceptível de ser condicionado. Acreditando que era possível passar para outra fase de desenvolvimento do nosso futebol.
Na terceira época com VAR na I Liga, e quando a luta pelo primeiro lugar está ao rubro a 11 jornadas do fim, surgem as críticas do costume ao sector da arbitragem e, agora, da videoarbitragem.
Agora é o VAR, dizem, que está a matar o futebol.
Não, o VAR não está a matar o futebol.
Quem está a matar o futebol é o clubismo desenfreado.
Quem está a matar o futebol são as direcções de comunicação, que não percebem como poderiam ser úteis e não alimentar o ódio, com a conivência presidencial.
Quem está a matar o futebol é esta obsessão de controlo das instituições. As instituições estão doentes e é preciso fazer algumas purgas? Nalguns casos, sim. São inadiáveis. Mas ‘a’ purga não pode ser feita por aqueles que só pensam no proveito próprio. A purga selectiva é tão perigosa quanto a falsa descontaminação.
Quem está a matar o futebol são os dirigentes que não são capazes de fazer autocrítica e passam o dia no ginásio a exercitar o desvio das atenções, através das suas marionetas. O desvio das atenções serve para perpetuar poderes e para não se olhar para o logro de certas gestões.
Quem está a matar o futebol são os comissionistas.
Quem está a matar o futebol são os parasitas que se alimentam da porcaria e são encorajados por quem deveria ter a obrigação de os emagrecer.
Quem está a matar o futebol é quem diz que só os burros falam de arbitragem mas depois vêm falar — sem nenhum tipo de autoridade na matéria sobre os árbitros, ao abrigo da liberdade de expressão.
Sim, Pinto da Costa nunca contribuiu para um futebol limpo. Quer tudo para si, custe o que custar.
Nos antípodas dos interesses de Pinto da Costa, estão o céu e os anjinhos? Não. Luís Filipe Vieira nunca esteve perto de ser o guardião da verdade desportiva —aliás, basta ver a proteção sempre dada a Gonçalves e a Guerra.
As obras de Pinto da Costa e Vieira foram construídas com ‘sangue, suor e lágrimas’, mas nunca se preocuparam com a dimensão ética do futebol e do negócio. E porque estes têm sido os dirigentes dominantes do futebol em Portugal, sobram as quezílias, os discursos incendiados, a intolerância e as figuras manipuladas, em nome de uma suposta paixão clubística. E tudo o mais o que as investigações possam apurar.
O FC Porto vive, com Pinto da Costa, a maior crise da sua história, mas o que interessa é continuar a pressionar os árbitros. Luís Filipe Vieira está atolado nas areias movediças das suspeições processuais, mas o que interessa é não deixar os árbitros em paz. E até Frederico Varandas, até agora ‘bactereologicamente puro’, fecha os olhos ao princípio ético de não tocar, com a época a correr, no treinador do seu competidor directo, esta época.
Não, o VAR não está matar o futebol.
O VAR está a cometer erros, mas muito menos do que aqueles que as comunicações dos clubes apontam. E, se não houvesse VAR, meus amigos, a discussão dos fora-de-jogo não era de centímetros mas de metros ou mesmo ‘quilómetros’. O erro grosseiro diminuiu drasticamente.
Os clubes que lutam pelo título querem controlar as nomeações e o nomeador, os árbitros e a videoarbitragem. Querem ter os seus decisores dentro do campo e/ou na cidade do futebol.
Acreditem: é esta mentalidade que está matar o futebol.
A matar o futebol estão também os elos de ligação que os clubes têm nas televisões. Amplificam os erros. Amplificam as entorses dos adversários. Não são capazes de um esgar de autocrítica ou de uma manifestação de honestidade intelectual.
Nos últimos dias, o presidente do SC Braga — com um histórico também não muito decente nesta matéria — fez uma proposta excelente, e espero que para não ser deixada cair ao mínimo embaraço ou contratempo (ingenuidade?): António Salvador comprometeu-se a não se pronunciar sobre arbitragens e desafiou outros clubes a fazê-lo. A primeira reacção conhecida (Pinto da Costa) não foi muito encorajadora, mas é preciso persistir, porque este combate tem de ser ganho, e nada disto tem a ver com liberdade de expressão, mas com responsabilidade social.
O sistema de VAR precisa de afinações e de um protocolo melhor, mas o futebol não está a morrer por causa do VAR.
O futebol está a sofrer e a morrer porque os dirigentes só pensam em ganhar e fazem tudo para condicionar as decisões. Enquanto não se mudar isto — e António Salvador e a FPF podem ter um papel vital na mudança — não há nada a fazer. E vão continuar a dizer que o VAR está a matar o futebol.
NOTA - Golos, 3 pontos, apuramentos? Nada é mais importante do que o campeonato da vida. E essa urge ganhar. Com responsabilidade. O VAR não tem culpa e é preciso matar o vírus.
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