Os desempenhos do FC Porto, na Champions, perante o Liverpool, e do Benfica, na Liga Europa, face ao Eintracht Frankfurt, foram diferenciados (uma derrota e uma vitória) e é preciso enquadrá-los para se perceber o que se pode esperar nos jogos da segunda mão, a realizar na próxima semana.
É bom NUNCA nos afastarmos da ideia de que, seja qual for o clube português em acção, o sucesso não é apenas do clube em compita mas do futebol em geral. O futebol português necessita de criar uma ideia de bem comum, algo que está completamente afastado dos discursos dominantes, das elites às bases.
Importa sublinhar algo perfeitamente perceptível mas nem sempre digerido que Liga dos Campeões e Liga Europa são realidades totalmente distintas, quer no plano financeiro, quer no plano desportivo. Genericamente, não se podem confundir as duas provas nem os coeficientes de dificuldade que lhes estão subjacentes.
Para as equipas portuguesas de topo, passar dos oitavos-de-final, na Champions, já é uma proeza significativa; ultrapassar os 'quartos' é algo que se deve valorizar como algo sensacional.
O FC Porto está a realizar, por isso, uma campanha europeia muito positiva, e nesta fase da prova qualquer adversário iria colocar-lhe imensas dificuldades, num quadro de exigência singular.
O 'Liverpool de Klopp' é uma das equipas que melhor joga na Europa, conciliando organização colectiva com talento individual. São 'duas equipas' dentro do mesmo colectivo: a que se movimenta entre o guarda-redes e o último médio, muito por força de uma organização fortíssima, e a que se constitui, na frente, através das deambulações do trio de ataque, constituído por Mohamed Salah, Firmino e Sadio Mané. Foi isso mesmo que se viu em Anfield Road e foi interessante a forma como Sérgio Conceição tentou contrariar esse poderio, com uma pressão alta estrategicamente definida para a fase inicial da partida, que não produziu os efeitos desejados, porque o Liverpool soube 'saltar' essa zona de pressão.
Jogar em pressão sectorial e sobre o potencial portador da bola é uma das 'artes' mais difíceis de alcançar com êxito no futebol. Porque nesse mecanismo e nessa dinâmica são necessárias duas coisas vitais, muito difíceis de conciliar: disponibilidade física (o desgaste é enorme) e força mental. A Liga portuguesa não possui um quadro de exigência que conduza as nossas 'equipas europeias' a serem treinadas para responderem nesse regime de pressão alta (pressionar o adversário quando não têm a bola e ser pressionado quando estão na posse dela). Vemos isso, aqui e ali, na Liga portuguesa, mas não é uma característica dominante do nosso campeonato.
Sérgio Conceição e a sua equipa técnica estudaram muito bem a forma de tentarem criar problemas ao Liverpool, através dessa pressão alta, mas Klopp e os reds estão treinadíssimos e habituados a saltar às zonas de pressão e não se incomodaram muito com isso. E foram eficazes, construindo um resultado que é recuperável, claro, mas isso só será possível numa 'noite perfeita' do FC Porto. A tarefa é mesmo muito difícil - e convém deixar claro que, em Anfield Road, o FC Porto teve a 'puxá-lo para baixo' uma arbitragem negativa. Salah não deveria jogar a segunda mão - isso não tem discussão.
A Liga Europa é, pois, a competição (europeia) mais ao jeito e à dimensão das equipas portuguesas e chegar à final é algo mais plausível. As equipas que caem da Champions têm, em tese, mais possibilidades (a verdade é que nesta discussão particular só já estão três, Benfica, Valencia e Nápoles), embora as equipas inglesas (Arsenal e Chelsea) tenham uma palavra importante a dizer.
Na Luz, o Benfica teve um comportamento com duas faces. São possíveis várias leituras: a vitória, só por si, perante uma belíssima equipa da Bundesliga, que já não perdia há 15 jogos e não sofria quatro ou mais golos desde Agosto do ano passado. O resultado é positivo (não deve haver lamentos quando se leva uma vantagem de dois golos) mas também é perigoso. O Eintracht possui uma belíssima equipa e é de elementar justiça aceitar que a equipa sofreu muito, nos seus mecanismos e na sua integridade táctica, com a expulsão de N'Dicka. Deve ser objecto de reflexão o Benfica sofrer dois golos com o adversário reduzido a dez unidades.
Foi uma noite europeia vibrante dos encarnados (aquele golo de Gonçalo Paciência, ai, ai…), mas foi uma noite europeia incompleta, susceptível de levantar muitas interrogações. Se quer seguir em frente, o Benfica tem de apostar as fichas todas no jogo em Frankfurt e possui condições para isso, uma vez que poderá fazer a sua recuperação para o jogo a seguir para o campeonato em quase quatro dias, na Luz, com o Marítimo. O Benfica tem aqui uma oportunidade de ouro, na Europa, que não deve desaproveitar.
A dimensão europeia de FC Porto e Benfica também está a ser testada e a 'desculpa' do 'foco no campeonato' dá jeito mas não colhe. É preciso saber aproveitar as oportunidades.
Importa sublinhar algo perfeitamente perceptível mas nem sempre digerido que Liga dos Campeões e Liga Europa são realidades totalmente distintas, quer no plano financeiro, quer no plano desportivo. Genericamente, não se podem confundir as duas provas nem os coeficientes de dificuldade que lhes estão subjacentes.
Para as equipas portuguesas de topo, passar dos oitavos-de-final, na Champions, já é uma proeza significativa; ultrapassar os 'quartos' é algo que se deve valorizar como algo sensacional.
O FC Porto está a realizar, por isso, uma campanha europeia muito positiva, e nesta fase da prova qualquer adversário iria colocar-lhe imensas dificuldades, num quadro de exigência singular.
O 'Liverpool de Klopp' é uma das equipas que melhor joga na Europa, conciliando organização colectiva com talento individual. São 'duas equipas' dentro do mesmo colectivo: a que se movimenta entre o guarda-redes e o último médio, muito por força de uma organização fortíssima, e a que se constitui, na frente, através das deambulações do trio de ataque, constituído por Mohamed Salah, Firmino e Sadio Mané. Foi isso mesmo que se viu em Anfield Road e foi interessante a forma como Sérgio Conceição tentou contrariar esse poderio, com uma pressão alta estrategicamente definida para a fase inicial da partida, que não produziu os efeitos desejados, porque o Liverpool soube 'saltar' essa zona de pressão.
Jogar em pressão sectorial e sobre o potencial portador da bola é uma das 'artes' mais difíceis de alcançar com êxito no futebol. Porque nesse mecanismo e nessa dinâmica são necessárias duas coisas vitais, muito difíceis de conciliar: disponibilidade física (o desgaste é enorme) e força mental. A Liga portuguesa não possui um quadro de exigência que conduza as nossas 'equipas europeias' a serem treinadas para responderem nesse regime de pressão alta (pressionar o adversário quando não têm a bola e ser pressionado quando estão na posse dela). Vemos isso, aqui e ali, na Liga portuguesa, mas não é uma característica dominante do nosso campeonato.
Sérgio Conceição e a sua equipa técnica estudaram muito bem a forma de tentarem criar problemas ao Liverpool, através dessa pressão alta, mas Klopp e os reds estão treinadíssimos e habituados a saltar às zonas de pressão e não se incomodaram muito com isso. E foram eficazes, construindo um resultado que é recuperável, claro, mas isso só será possível numa 'noite perfeita' do FC Porto. A tarefa é mesmo muito difícil - e convém deixar claro que, em Anfield Road, o FC Porto teve a 'puxá-lo para baixo' uma arbitragem negativa. Salah não deveria jogar a segunda mão - isso não tem discussão.
A Liga Europa é, pois, a competição (europeia) mais ao jeito e à dimensão das equipas portuguesas e chegar à final é algo mais plausível. As equipas que caem da Champions têm, em tese, mais possibilidades (a verdade é que nesta discussão particular só já estão três, Benfica, Valencia e Nápoles), embora as equipas inglesas (Arsenal e Chelsea) tenham uma palavra importante a dizer.
Na Luz, o Benfica teve um comportamento com duas faces. São possíveis várias leituras: a vitória, só por si, perante uma belíssima equipa da Bundesliga, que já não perdia há 15 jogos e não sofria quatro ou mais golos desde Agosto do ano passado. O resultado é positivo (não deve haver lamentos quando se leva uma vantagem de dois golos) mas também é perigoso. O Eintracht possui uma belíssima equipa e é de elementar justiça aceitar que a equipa sofreu muito, nos seus mecanismos e na sua integridade táctica, com a expulsão de N'Dicka. Deve ser objecto de reflexão o Benfica sofrer dois golos com o adversário reduzido a dez unidades.
Foi uma noite europeia vibrante dos encarnados (aquele golo de Gonçalo Paciência, ai, ai…), mas foi uma noite europeia incompleta, susceptível de levantar muitas interrogações. Se quer seguir em frente, o Benfica tem de apostar as fichas todas no jogo em Frankfurt e possui condições para isso, uma vez que poderá fazer a sua recuperação para o jogo a seguir para o campeonato em quase quatro dias, na Luz, com o Marítimo. O Benfica tem aqui uma oportunidade de ouro, na Europa, que não deve desaproveitar.
A dimensão europeia de FC Porto e Benfica também está a ser testada e a 'desculpa' do 'foco no campeonato' dá jeito mas não colhe. É preciso saber aproveitar as oportunidades.
*Texto escrito com a antiga ortografia
JARDIM DAS ESTRELAS
João Félix debate-se
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Marcar três golos aos 19 anos num jogo europeu é sempre, seja qual for o ângulo de análise, uma proeza. Ela foi assinada por João Félix, um menino que tem muito futebol - e logo se abriu um estranho debate sobre os 'altos e baixos' do rendimento do jovem jogador, para o qual também contribuiu Bruno Lage…
Parece que, a este nível, estamos sempre a 'marcar passo', face à incompreensão deste 'fenómeno' que é o futebol, há uma parte quantitativa assente em estatísticas e resultados e depois há uma análise qualitativa associada à natureza e qualidade dos desempenhos, com múltiplas leituras, passíveis de serem contrariadas. Faz parte. O miúdo Félix tem um talento indiscutível, joga entre linhas como poucos, é inteligente, mas não é uma máquina e começa a ser confrontado com a 'música' dos milhões. As oscilações são normais, o debate é normal e também é normal a propaganda resultante da parceria Benfica-Mendes, e isso a parceria tem feito muito bem, inflacionando o preço dos jogadores no mercado.
Não sei, sinceramente, se João Félix chegará a ser um 'jogador de elite' no futebol europeu, mas de uma coisa tenho a certeza: constituirá, a prazo, um grande 'encaixe' para o Benfica.
O CACTO
G15, FPF, RTP…
Começa a ser cruel e superdesgastante esta 'guerra' entre FC Porto e Benfica, com o Sporting a ver-se confrontado com os resultados da auditoria de gestão, que não podem deixar ninguém sossegado em Alvalade. O G15 parecia ser uma boa proposta, mas já se perceberam as fragilidades e as dependências . Entretanto, a FPF contrata jornalistas (…) e a RTP é um 'case study' na sua relação com o futebol. A seguir
Comentários de merda de um comentador medíocre que não consegue ultrapassar o seu anti-benfiquismo primário.
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