Os últimos dias confirmaram que, em Portugal, é muito difícil e fatigante encontrar racionalidade, retidão e até juízo quando o assunto é futebol. Esta sanha rancorosa observou-se, por exemplo, quando mentes atormentadas pelo insucesso gastaram tempo, espaço e antena a questionar a honradez e a nobreza de treinadores e presidentes apenas porque estes, imagine-se, trocaram cumprimentos cordiais com os seus análogos de clubes que nesse dia eram seus adversários.
Provavelmente, o cúmulo desta animosidade absurda foi ver (e eu vi-o "in loco") um líder de uma claque insurgir-se furiosamente contra os seus submissos correligionários apenas porque estes dedicaram palmas de conforto aos jogadores e treinadores da sua própria equipa (que, coisa rara e audaz, tinham propositadamente procurado a sua confinidade para arcar com a culpa de um resultado desportivo que se havia tornado abruptamente negativo), isto enquanto arremessava o megafone e as suas próprias vestes na direção da equipa, num striptease colérico e num transtorno de ansiedade que só os especialistas na matéria poderão qualificar.
É futebol, dir-me-ão, como se esta sanha descontrolada tivesse de merecer a mesma aceitação que os atos bárbaros recolhiam no Coliseu da Roma Antiga.
Provavelmente, o cúmulo desta animosidade absurda foi ver (e eu vi-o "in loco") um líder de uma claque insurgir-se furiosamente contra os seus submissos correligionários apenas porque estes dedicaram palmas de conforto aos jogadores e treinadores da sua própria equipa (que, coisa rara e audaz, tinham propositadamente procurado a sua confinidade para arcar com a culpa de um resultado desportivo que se havia tornado abruptamente negativo), isto enquanto arremessava o megafone e as suas próprias vestes na direção da equipa, num striptease colérico e num transtorno de ansiedade que só os especialistas na matéria poderão qualificar.
É futebol, dir-me-ão, como se esta sanha descontrolada tivesse de merecer a mesma aceitação que os atos bárbaros recolhiam no Coliseu da Roma Antiga.
Não é a mais perigosa, mas uma das consequências desta fúria absurda e barulhenta (protagonizada habitualmente por quem só consegue olhar para o jogo com cólera e desespero) é o contágio que ela provoca junto daqueles que normalmente até são mais racionais e justos.
E, como tantas vezes acontece, até é muito provável que tenha contribuído para contaminação de uma parcela de adeptos do FC Porto que passou, num ápice, a desmerecer os méritos e as qualificações de Sérgio Conceição. Ora, este mimetismo acabou por contribuir para a profunda ingratidão de que está a ser alvo um técnico que ainda há poucos meses merecia quase a unanimidade e que foi determinante para que o clube ultrapassasse um dos piores ciclos da sua história recente, ajudando a eliminar os focos de contestação a uma administração que nunca se vira tão visada na sua gestão.
É, de resto, em resultado de todo este contexto que deve ser entendido o seu dramático desabafo de poder fazer as malas e sair pelo seu próprio pé se o FC Porto "não ganhar". Isto apesar de ter renovado, em março, até 2021.
Mas se este é um debate que até o próprio Conceição terá de admitir, outra coisa é querer responsabilizá-lo falaciosamente por tudo e por nada, incluindo substituições casuístas. Em Vila do Conde, vi Brahimi fazer 45 minutos iniciais de grande qualidade, mas também vi a forma desgastada como o argelino se vinha exibindo no segundo tempo, falhando passes e definições de forma consecutiva. E foi ainda antes de ele ser substituído que o Rio Ave desperdiçou três aproximações perigosas à baliza de Casillas, uma das quais levou a bola à trave.
Cinco estrelas - O glutão Messi
Em 15 temporadas no futebol espanhol, Messi venceu 10 ligas, ficando apenas a duas do recorde de Gento. Ele e o sensato Valverde foram a base do sucesso de um Barcelona que foi líder em 31 das 35 jornadas disputadas e que ganhou oito dos últimos 11 títulos.
Quatro estrelas - Aproveitar o talento jovem
A histórica conquista da Youth League pelo FC Porto (depois de bater sucessivamente Tottenham, Midtjylland, Hoffenheim e Chelsea) devia fazer repensar quem dirige muitos dos nossos clubes. Estas gerações, incluindo as que têm brilhado nas diferentes seleções jovens, merecem verdadeiras oportunidades.
Três estrelas - Futsal pintado a verde
O título de campeão da Europa de futsal conquistado pelo Sporting no Cazaquistão, após três finais perdidas, é principalmente um prémio para a obstinação do dirigente Miguel Albuquerque e para a dedicação e sagacidade do técnico Nuno Dias.
Duas estrelas - A escolha de Van Dijk
Van Dijk é um central estupendo e foi considerado o melhor jogador da Premier League, uma escolha discutível quando os restantes principais candidatos eram Sterling (que ficou com o prémio para o jogador jovem) e Bernardo Silva (que teve de se contentar com a presença no melhor "11").
Uma estrela - Neymar afunda-se
Em 24 horas, Neymar foi castigado pela UEFA por insultar um árbitro e agrediu um adepto que o invetivava após o PSG perder a final da Taça de França frente ao Rennes (após estar a vencer por 2-0). O brasileiro, que chegou a parecer o herdeiro de Messi e CR7, move-se em areias cada vez mais movediças.
Artigo de opinião de Bruno Prata no Jornal RecordE, como tantas vezes acontece, até é muito provável que tenha contribuído para contaminação de uma parcela de adeptos do FC Porto que passou, num ápice, a desmerecer os méritos e as qualificações de Sérgio Conceição. Ora, este mimetismo acabou por contribuir para a profunda ingratidão de que está a ser alvo um técnico que ainda há poucos meses merecia quase a unanimidade e que foi determinante para que o clube ultrapassasse um dos piores ciclos da sua história recente, ajudando a eliminar os focos de contestação a uma administração que nunca se vira tão visada na sua gestão.
É, de resto, em resultado de todo este contexto que deve ser entendido o seu dramático desabafo de poder fazer as malas e sair pelo seu próprio pé se o FC Porto "não ganhar". Isto apesar de ter renovado, em março, até 2021.
Sérgio Conceição não está, claro, acima da crítica. E até é possível questionar uma ou outra das suas opções, à frente de todas provavelmente o "onze" que escolheu para receber o Benfica no Dragão. Mas, mesmo aí, ter-se-á de levar em conta que foi essa gestão que permitiu que Militão, Danilo, Otávio e Soares se apresentassem fresquinhos e nas melhores condições para ajudaram, quatro dias depois, a dar a volta à eliminatória frente à Roma.
E ninguém pode desmerecer os quase 80 milhões de euros (sem contar com as verbas referentes ao Market Pool e à bilhética) que, só este ano, Sérgio Conceição garantiu na Liga dos Campeões, primordiais num clube sob o crivo do fair play financeiro da UEFA (e foi, recorde-se, à conta disso que o FC Porto só pode inscrever 22 jogadores).
Mas se este é um debate que até o próprio Conceição terá de admitir, outra coisa é querer responsabilizá-lo falaciosamente por tudo e por nada, incluindo substituições casuístas. Em Vila do Conde, vi Brahimi fazer 45 minutos iniciais de grande qualidade, mas também vi a forma desgastada como o argelino se vinha exibindo no segundo tempo, falhando passes e definições de forma consecutiva. E foi ainda antes de ele ser substituído que o Rio Ave desperdiçou três aproximações perigosas à baliza de Casillas, uma das quais levou a bola à trave.
A verdade é que esta variação de julgamento é muito típica do nosso circo futebolístico, onde só os campeões são normalmente elogiados pela sua aptidões e habilidades, como se todos os restantes não passassem de meros inábeis e desqualificados. O próprio Bruno Lage, que está perto de levar o Benfica à reconquista do título em resultado do trabalho assombroso que vem efetuando, também já terá percebido que isso não o salvará de julgamento injustos se tiver um momento de menor inspiração ou de infelicidade.
Os responsáveis portistas, segundo noticiou o Record, não estão dispostos a alinhar neste desmemoriar tão mal-agradecido. Também era o que faltava deixarem cair um treinador que lhes recuperou e valorizou um conjunto de jogadores desacreditados e discutidos, que impôs um modelo de jogo competitivo e progressista e que, last but not least, evitou o primeiro "penta" do Benfica. E isso terá de valer e pesar mais independentemente do que se passe até 25 de maio. A menos, claro, que o próprio Sérgio Conceição pense diferente.
Cinco estrelas - O glutão Messi
Em 15 temporadas no futebol espanhol, Messi venceu 10 ligas, ficando apenas a duas do recorde de Gento. Ele e o sensato Valverde foram a base do sucesso de um Barcelona que foi líder em 31 das 35 jornadas disputadas e que ganhou oito dos últimos 11 títulos.
Quatro estrelas - Aproveitar o talento jovem
A histórica conquista da Youth League pelo FC Porto (depois de bater sucessivamente Tottenham, Midtjylland, Hoffenheim e Chelsea) devia fazer repensar quem dirige muitos dos nossos clubes. Estas gerações, incluindo as que têm brilhado nas diferentes seleções jovens, merecem verdadeiras oportunidades.
Três estrelas - Futsal pintado a verde
O título de campeão da Europa de futsal conquistado pelo Sporting no Cazaquistão, após três finais perdidas, é principalmente um prémio para a obstinação do dirigente Miguel Albuquerque e para a dedicação e sagacidade do técnico Nuno Dias.
Duas estrelas - A escolha de Van Dijk
Van Dijk é um central estupendo e foi considerado o melhor jogador da Premier League, uma escolha discutível quando os restantes principais candidatos eram Sterling (que ficou com o prémio para o jogador jovem) e Bernardo Silva (que teve de se contentar com a presença no melhor "11").
Uma estrela - Neymar afunda-se
Em 24 horas, Neymar foi castigado pela UEFA por insultar um árbitro e agrediu um adepto que o invetivava após o PSG perder a final da Taça de França frente ao Rennes (após estar a vencer por 2-0). O brasileiro, que chegou a parecer o herdeiro de Messi e CR7, move-se em areias cada vez mais movediças.
Boa tarde caro David,
ResponderEliminaróbvio. Feito!