Sou um português à moda antiga. Quando era miúdo, habituei-me a ouvir os relatos das equipas portuguesas nas várias modalidades. Sempre fui sportinguista, mas queria que o Benfica e o FC Porto ganhassem os jogos frente a adversários estrangeiros. Eu e muitos dos meus amigos éramos assim. Contra equipas de outros países não havia cá rivalidades. Torcíamos todos pelo mesmo. Torcíamos todos por Portugal.
Nos meus primeiros anos de profissional, tanto ao serviço do Sporting como do FC Porto, queria que os meus rivais perdessem no campeonato, mas nunca ficava feliz quando isso lhes acontecia na Europa. Este meu sentimento aumentou quando fui jogar para o estrangeiro.
Era um português em Espanha, tinha saudades do meu país, da minha família, dos meus amigos. E, por isso, defendia os representantes portugueses até à morte. Mesmo noutros temas que nada tinham a ver com desporto.
Esta minha forma de pensar não é algo que se veja muito hoje em dia – seja nas novas gerações, seja em pessoas do meu tempo, como alguns daqueles meus amigos que mudaram esse sentimento e opinião. Parece que o fanatismo está muito pior à medida que o tempo vai avançando. E, infelizmente, em muitos casos, é mais forte do que defender o melhor para o nosso país.
Basta ver que nas competições europeias os pontos conquistados por uma equipa servem a todas as outras no ranking. Mas quando uso este argumento em conversa com alguns desses meus amigos fanáticos, a resposta que me dão é sempre a mesma: "Quero lá saber do ranking. Quero é que eles percam sempre." E a partir daqui é como conversar com uma parede. Por isso... mudo logo de tema.
Não sou assim. Nunca fui. Por isso, esta semana voltei a sofrer e torcer pelos portugueses que estiveram em ação nas competições europeias. Fiquei triste pelo FC Porto. Faltou sorte e mais acerto, tanto a Marega – nas oportunidades que teve – como à equipa de arbitragem – com más decisões que prejudicaram os dragões. Mesmo assim, tenho esperança numa reviravolta no jogo da segunda mão. E fiquei contente pelo bom resultado do Benfica. Foi pena o segundo golo dos alemães, mas os encarnados têm tudo para estar nas meias-finais.
O mais admirável desta semana europeia foi ver que nos oito jogos disputados, entre Liga dos Campeões e Liga Europa, marcaram-se 19 golos. Destes, oito foram de portugueses. Quase metade. O primeiro por Cristiano Ronaldo na quarta-feira. Fez o único golo da Juventus em Amesterdão (1-1). Os italianos levam quatro golos nesta fase a eliminar da Champions e todos têm a assinatura do melhor jogador do Mundo de todos os tempos. Igual a ele próprio. Um extraterrestre.
Na quinta foi a vez do ‘niño’ João Félix, com apenas 19 anos, fazer o seu primeiro hat trick na Europa. Uma noite de sonho para ele. No momento da verdade, disse presente e não falhou. Rúben Dias, outro menino, fez o quarto do Benfica e Gonçalo Paciência reduziu a favor do Eintracht Frankfurt. À mesma hora, em Espanha, o rei de Valência voltou a estar em grande. Há umas semanas, contra o Krasnodar, Gonçalo Guedes já tinha posto a sua equipa nos ‘quartos’ da Liga Europa e agora, com os dois golos ao Villarreal, deixou a sua equipa à porta das meias-finais.
Esta é a força dos portugueses no futebol europeu. Deveríamos estar orgulhosos pelo que os nossos fazem e alcançam. Sem fanatismos. Tal como acontecia nos tempos em que eu era miúdo e ouvia os relatos dos portugueses nas competições internacionais. Nesses momentos, não ouvia o Sporting, o Benfica ou o FC Porto. Ouvia Portugal.
Caldeirada da semanaFiquei surpreendido quando o treinador do Bayern Munique, Niko Kovac, fez estas declarações na sexta-feira sobre a luta entre Lewandowski e Coman: "Houve uma luta entre os dois jogadores. Falámos os três após o treino e ambos pediram desculpa pelo seu comportamento e admitiram estar arrependidos pelo sucedido. Não haverá multas porque ambos se entenderam e quando treinamos há emoções à flor da pele." Imediatamente pensei: o Lewandowski e o Coman vão-se odiar eternamente – como vi em muitos casos – ou vão ser grandes amigos, como aconteceu comigo e com o Pizzo Gómez, no At. Madrid.
Nós lá foraA equipa mais portuguesa de Inglaterra é o Wolverhampton. Com 13 portugueses: oito jogadores e cinco elementos da equipa técnica liderada por Nuno Espírito Santo. Subiram na temporada passada à Premier League e, nesta época de estreia, estão a fazer uma campanha absolutamente fantástica. A semana passada, nas meias-finais da Taça de Inglaterra, contra o Watford, fizeram quase um milagre. Estiveram muito perto da final. Foi uma pena. Mas apesar da derrota, o Nuno Espírito Santo e os seus craques estão de parabéns!
Álbum de recordaçõesLuís Figo, numa entrevista ao ‘Universo Valdano’, falou sobre a sua polémica saída do Barcelona para o Real Madrid. Lembrei o quanto estive envolvido naquela operação desde o primeiro ao último dia quando o Luís disse esta frase: "Não vi esse acordo, mas disseram-me: no caso de eu não ir para o Real Madrid se Florentino Pérez ganhasse as eleições, seria eu a pagar um ano completo aos sócios (a quota). Mas quem tinha assinado foi o meu representante e não eu". Recordei o ‘filme’ que foi na reunião que tivemos na Sardenha, quando o Luís soube que esta cláusula realmente existia mesmo e que não havia... marcha-atrás.
Artigo de opinião de Paulo Futre no Jornal recordEra um português em Espanha, tinha saudades do meu país, da minha família, dos meus amigos. E, por isso, defendia os representantes portugueses até à morte. Mesmo noutros temas que nada tinham a ver com desporto.
Esta minha forma de pensar não é algo que se veja muito hoje em dia – seja nas novas gerações, seja em pessoas do meu tempo, como alguns daqueles meus amigos que mudaram esse sentimento e opinião. Parece que o fanatismo está muito pior à medida que o tempo vai avançando. E, infelizmente, em muitos casos, é mais forte do que defender o melhor para o nosso país.
Basta ver que nas competições europeias os pontos conquistados por uma equipa servem a todas as outras no ranking. Mas quando uso este argumento em conversa com alguns desses meus amigos fanáticos, a resposta que me dão é sempre a mesma: "Quero lá saber do ranking. Quero é que eles percam sempre." E a partir daqui é como conversar com uma parede. Por isso... mudo logo de tema.
Não sou assim. Nunca fui. Por isso, esta semana voltei a sofrer e torcer pelos portugueses que estiveram em ação nas competições europeias. Fiquei triste pelo FC Porto. Faltou sorte e mais acerto, tanto a Marega – nas oportunidades que teve – como à equipa de arbitragem – com más decisões que prejudicaram os dragões. Mesmo assim, tenho esperança numa reviravolta no jogo da segunda mão. E fiquei contente pelo bom resultado do Benfica. Foi pena o segundo golo dos alemães, mas os encarnados têm tudo para estar nas meias-finais.
O mais admirável desta semana europeia foi ver que nos oito jogos disputados, entre Liga dos Campeões e Liga Europa, marcaram-se 19 golos. Destes, oito foram de portugueses. Quase metade. O primeiro por Cristiano Ronaldo na quarta-feira. Fez o único golo da Juventus em Amesterdão (1-1). Os italianos levam quatro golos nesta fase a eliminar da Champions e todos têm a assinatura do melhor jogador do Mundo de todos os tempos. Igual a ele próprio. Um extraterrestre.
Na quinta foi a vez do ‘niño’ João Félix, com apenas 19 anos, fazer o seu primeiro hat trick na Europa. Uma noite de sonho para ele. No momento da verdade, disse presente e não falhou. Rúben Dias, outro menino, fez o quarto do Benfica e Gonçalo Paciência reduziu a favor do Eintracht Frankfurt. À mesma hora, em Espanha, o rei de Valência voltou a estar em grande. Há umas semanas, contra o Krasnodar, Gonçalo Guedes já tinha posto a sua equipa nos ‘quartos’ da Liga Europa e agora, com os dois golos ao Villarreal, deixou a sua equipa à porta das meias-finais.
Esta é a força dos portugueses no futebol europeu. Deveríamos estar orgulhosos pelo que os nossos fazem e alcançam. Sem fanatismos. Tal como acontecia nos tempos em que eu era miúdo e ouvia os relatos dos portugueses nas competições internacionais. Nesses momentos, não ouvia o Sporting, o Benfica ou o FC Porto. Ouvia Portugal.
Caldeirada da semanaFiquei surpreendido quando o treinador do Bayern Munique, Niko Kovac, fez estas declarações na sexta-feira sobre a luta entre Lewandowski e Coman: "Houve uma luta entre os dois jogadores. Falámos os três após o treino e ambos pediram desculpa pelo seu comportamento e admitiram estar arrependidos pelo sucedido. Não haverá multas porque ambos se entenderam e quando treinamos há emoções à flor da pele." Imediatamente pensei: o Lewandowski e o Coman vão-se odiar eternamente – como vi em muitos casos – ou vão ser grandes amigos, como aconteceu comigo e com o Pizzo Gómez, no At. Madrid.
Nós lá foraA equipa mais portuguesa de Inglaterra é o Wolverhampton. Com 13 portugueses: oito jogadores e cinco elementos da equipa técnica liderada por Nuno Espírito Santo. Subiram na temporada passada à Premier League e, nesta época de estreia, estão a fazer uma campanha absolutamente fantástica. A semana passada, nas meias-finais da Taça de Inglaterra, contra o Watford, fizeram quase um milagre. Estiveram muito perto da final. Foi uma pena. Mas apesar da derrota, o Nuno Espírito Santo e os seus craques estão de parabéns!
Álbum de recordaçõesLuís Figo, numa entrevista ao ‘Universo Valdano’, falou sobre a sua polémica saída do Barcelona para o Real Madrid. Lembrei o quanto estive envolvido naquela operação desde o primeiro ao último dia quando o Luís disse esta frase: "Não vi esse acordo, mas disseram-me: no caso de eu não ir para o Real Madrid se Florentino Pérez ganhasse as eleições, seria eu a pagar um ano completo aos sócios (a quota). Mas quem tinha assinado foi o meu representante e não eu". Recordei o ‘filme’ que foi na reunião que tivemos na Sardenha, quando o Luís soube que esta cláusula realmente existia mesmo e que não havia... marcha-atrás.
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