Um excelente artigo do Celso Filipe que continua actualizado:
O futebol português é uma novela mexicana dobrada em brasileiro. De mau gosto, esquizofrénico e com um guião lamentavelmente pobre. Na realidade, é preciso gostar muito de futebol (e dos clubes) para continuar a ir aos estádios e apoiar as respectivas equipas. Isso só acontece porque a paixão, como se verifica amiúde, é cega.
Os adeptos têm o direito de desancar o árbitro, invectivar os rivais e defender ao extremo a sua equipa. Quando ganha, é a melhor. Quando perde, foi naturalmente vítima do azar. Faz parte da natureza passional do jogo e os adeptos projectam no clube os seus sentimentos. As bancadas são divãs temporários de psicanálise e desempenham o seu papel terapêutico a contento.
O que não faz sentido, de todo, é os responsáveis dos clubes comportarem-se como adeptos e achincalharem a modalidade que lhes deu notoriedade pública e sem a qual seriam ilustres desconhecidos. Não olham para o futebol como um negócio e acham que os seus clubes (sobretudo os chamados três grandes) são demasiado poderosos para cair. Vivem da intriga, semeiam a desconfiança e fazem dos árbitros (a única equipa que não tem adeptos) as suas vítimas preferenciais.
No futebol inglês, quando um árbitro falha, a conclusão é a de que errou. No futebol português, quando um árbitro falha é porque roubou. O árbitro é o elemento que sublima os erros dos gestores, dos treinadores e dos próprios jogadores. Os dirigentes do futebol, em vez de elevarem o nível do discurso, puxam-no para baixo. Transformaram o jogo numa arena de combate e, desta forma, vão afastando adeptos e empresas, as quais não querem ver a sua imagem contaminada por polémicas artificiais.
No futebol inglês, quando um árbitro falha, a conclusão é a de que errou. No futebol português, quando um árbitro falha é porque roubou. O árbitro é o elemento que sublima os erros dos gestores, dos treinadores e dos próprios jogadores. Os dirigentes do futebol, em vez de elevarem o nível do discurso, puxam-no para baixo. Transformaram o jogo numa arena de combate e, desta forma, vão afastando adeptos e empresas, as quais não querem ver a sua imagem contaminada por polémicas artificiais.
Estas circunstâncias tornam o campeonato português ainda mais periférico e os clubes são cada vez mais incapazes de captar receitas, a não ser as geradas pela venda de jogadores. Gerem os passivos e os três grandes são de uma irrelevância absoluta no mercado de capitais. Ninguém de bom senso admite investir numa equipa de futebol português na expectativa de obter retorno e isso diz tudo.Pode argumentar-se que sempre foi assim, sendo que os media exponenciaram este tipo de comportamentos. Dando esta premissa como verdadeira, a mesma só serve para aumentar o grau de exigência sobre os dirigentes, porque os bons exemplos têm de surgir de cima. O futebol, neste momento, é um esconso negócio de vão de escada.
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