Ontem escrevi n' A Bola sobre a conferência de Imprensa de Bruno de Carvalho e sobre a operação LEX e a situação de Luis Filipe Vieira. Aqui vai o excerto sobre o SCP; amanhã posto o texto sobre LFV
« NUM LONGO relambório de queixas e amarguras transmitido em directo pelas televisões em prime time, Bruno de Carvalho esteve quase uma hora a explicar ao país de que forma a presidência do Sporting afecta a sua vida pessoal e familiar e como se sente enfadado com as malfeitorias da putativa oposição. E fê-lo adoptando um discurso de permanente vitimização que não bate certo com a maioria esmagadora que lhe foi concedida nas últimas eleições (86,13%) nem com a relevância pública das figuras que Bruno acusa de conspirarem contra ele e escreverem posts maléficos no facebook. Lembro: Pedro Madeira Rodrigues teve uns esquálidos 9% nas últimas eleições e a simples menção de Pereira Cristovão incomoda qualquer sportinguista com sentido da decência. Isto para citar dois dos nomes elencados no facebook presidencial como sportingados.
Depois, a proeminência do eu, eu, eu (e da minha familia) no rosário de lamentações. Como se não tivesse sido o próprio Bruno de Carvalho a arrastar a familia para os foco mediático (quem anunciou no estádio e na TV do clube a vinda de uma filha?...), como não soubesse o grau de exposição pública a que se encontra sujeito o presidente de um clube grande.
É claro que há no Sporting gente com sede de poder (então agora, que o clube está muito apetecível…) e gente que já andou na órbita do poder leonino e não se conforma com a perda das benesses e mordomias que lhe andavam associadas; gente que gostava que o clube voltasse aos tempos do croquete. Mas, mais do que a birra, aquilo que me faz confusão é o tempo, o verbo e a energia que o presidente do Sporting gasta com os putativos opositores que, até prova em contrário, mais não fazem que andar por ali a ver o que cai.
Parece-me sinal de imaturidade e insegurança por parte de um homem que, por outro lado, tem dado provas indiscutíveis de competência, determinação e combatividade em áreas cruciais onde alguns dos seus antecessores recentes falharam redondamente.
Depois das lesões de Gélson, Podence e Bas Dost, da tumultosa AG e da derrota no Estoril, só faltava o longo monólogo televisivo do presidente para o Sporting mostrar o que é há demasiados anos: um clube profundamente autofágico, com uma capacidade única de se mutilar e enfraquecer (os famosos tiros no pé) quando tudo parece correr bem.
Mais perturbante, Bruno de Carvalho parece não ter dado conta que foi ele quem espoletou este enésimo psicodrama leonino numa altura particularmente sensível para a equipa de futebol (a única que ainda não caiu em nenhuma frente e que, por se encontrar numa fase cinzenta, dispensava bem este reboliço); sem esquecer a incrível falta de sensibilidade no timing escolhido para agitar águas: com as atenções do país completamente centradas nas trapalhadas em que Benfica e o seu presidente se encontram envolvidos, só mesmo os autogolos do Sporting podiam desviar as atenções da angústia de Luis Filipe Vieira.
Um erro estratégico primário que deve ter feito sorrir Luis Bernardo pela primeira vez em muitos meses. «Interessa-me a minha liberdade e não a tenho», queixou-se Bruno. A solução era muito simples, mas creio que o presidente do Sporting quer tudo menos deixar o cargo.
Ele está à espera de um plebiscito arrasador no dia 17. Mas sairá mais forte ou «legitimado» [do que estava quando foi eleito com mais de 86% dos votos] no momento em que as alterações aos estatutos e regulamento disciplinar foram validadas por uma parcela do universo sportinguista?
Não me parece. O problema existe – na cabeça de Bruno de Carvalho - e continuará a ser o mesmo».
(via facebook do próprio)
Sportinguistas, Libertem o Bruno do fardo que carrega!...
ResponderEliminarTenham pena do homem. Não tem vida, não tem nada. Não o desgracem mais. Deixem-no viver em paz com a família, ir ao café e andar na rua sempre que quiser. Vocês não têm o direito de o sequestrar e manter a trabalhar 24 horas por dia, contra sua própria vontade. Isso é escravatura, tenham vergonha!...