Para preparar um jogo com o Benfica, o presidente deu-me a oportunidade de levar os jogadores para uma pequena praia onde costumávamos treinar e descansar.
Na sexta-feira antes do jogo, José informou-me: "Bobby, o presidente quer vir até cá para falar com os jogadores".
Quando ele chegou, fez um discurso espalhafatoso e empolgado, cheio de paixão e com muitos gestos.
Eu não percebi uma única palavra do que ele estava a dizer ao meu plantel.
Depois, tomou um café e foi-se embora.
"O que se passou"?, perguntei ao José. "Bem", disse ele, "o presidente veio oferecer um prémio de jogo extra aos jogadores".
Cintra tinha acabado de duplicar o prémio de jogo especial que o Sporting pagava aos jogadores sempre que ganhavam ao FC Porto ou ao Benfica. Os jogadores estavam compreensivelmente motivados.
Logo aos 12 segundos de jogo, Balakov, que era um grande jogador - tão bom como Figo - , já tinha marcado um golão, com um remate ao ângulo da baliza do Benfica, desferido a mais de 35 metros.
12 segundos de jogo contra o Benfica e estávamos a ganhar 1-0.
Pouco tempo depois, Stan Valckx, o meu fiável defesa central, levou uma cotovelada na cara.
(...) Ao intervalo, quando estávamos a tentar resolver o problema de Stan, o presidente entra de rompante no balneário, a esbracejar, aos gritos, incentivando os jogadores a acabar com o nosso velho inimigo. Os jogadores respondiam na mesma moeda.
"Bora lá! Vamos a eles!", gritavam.
(...) No meio daquela loucura desgarrada, com aquele maluco à solta, eu não consegui perceber uma única palavra do que ele disse. "Ele voltou a duplicar o prémio de jogo", explicou-me o José. "Outravez?"
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